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Foco

Madame Satã vira 'balzaquiano' e serve até hambúrguer de chef

TETÉ MARTINHO COLUNISTA DA FOLHA

Há exatos 30 anos, abriu no centro paulistano, um muquifo que viraria lenda. Ocupando um casarão dos anos 30 já então bem sambado, o Madame Satã não tinha sofá, ar-condicionado nem alvará. O som era tosco, e a pista, escura e cheia de baratas.

Mas não havia lugar melhor para ter 20 anos e viver o surto anárquico e criativo que começou a espantar o ranço da ditadura no meio dos 1980.

A graça era o som pós-punk e new wave e a programação frenética de música, arte e performances ao vivo, que ia de RPM e Legião Urbana a Itamar Assumpção e Cida Moreira, passando por sessões de filmes do Primo Carbonari exibidos de trás para frente.

Ir para a noite montado era outra diversão que nascia entre os punks, carecas, travecas e "darks" que se apinhavam, noite após noite, no salão ao rés da rua, no quintal de chão batido e pelas escadas estreitas da casa.

"Com 14 anos, eu tinha cabelo azul e era o mascote", lembra o então assíduo Heitor Werneck, 46. O futuro estilista da Escola de Divinos saía de vestido. Fora isso, era pura inocência: "Achava que travesti' era um estilo musical".

"O Satã oferecia a liberdade de expressão que a juventude pós-ditadura precisava", diz Marcelo Leite, autor de "Madame Satã "" O Templo Underground dos Anos 80".

A casa fechou em 1989. Nos anos 90, virou o clube gótico Morcegóvia. Em 2011, Gé Rodrigues e Igor Calmona reabriram o casarão com itens de segurança, hamburgueria e potência sonora. "Isso aqui é um templo", diz Rodrigues.

O Satã virou Madame e quer viver do passado. "Toco quase a mesma coisa que há 30 anos", diz Magal, veterano nas picapes. "Mas a frequência é outra. Antes as pessoas eram mais criativas, tinham mais atitude."


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