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Áreas pobres têm menos condição de ensino, diz USP
Escolas públicas de Ribeirão Preto possuem menos bibliotecas e laboratórios
Pesquisa também apontou superlotação nas salas de aula; prefeitura e Estado negam problemas
Pesquisa realizada pela USP (Universidade de São Paulo) Ribeirão Preto apontou que as áreas mais pobres do município concentram as escolas com menos equipamentos para o ensino, como bibliotecas e laboratórios de informática e de ciências.
Segundo o indicador desenvolvido na pesquisa, 70% das escolas nessas condições estão nas áreas onde a população tem renda média inferior a R$ 903,78. A dissertação de mestrado foi aprovada em agosto pelo departamento responsável na USP.
Outro problema identificado foi a superlotação nas salas de aula das escolas municipal e estadual de Ribeirão. Das 1.899 turmas, 70,6% têm mais alunos do que o recomendado por especialistas: de no máximo 25 nas séries iniciais e 30 nos anos finais.
"Os dados apontam para a reprodução do mecanismo de inclusão excludente. Os alunos estão matriculados, mas aqueles com uma condição financeira menor tendem a receber um ensino com condição pior", disse a pesquisadora Aline Kazuko Sonobe.
Foram analisadas 83 escolas públicas que oferecem ensino fundamental no município. Os dados foram obtidos por meio do Censo Escolar 2010, Prova Brasil 2009 e o Censo 2010 do IBGE.
"Foram agregadas variáveis que são consideradas, por especialistas em educação, fundamentais na oferta de um ensino de qualidade", afirmou Aline, que levou dois anos para concluir o estudo.
Donizete Aparecido Barbosa, da área de educação do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, diz que o excesso de alunos é a principal reclamação dos professores. "A gente defende a diminuição das turmas, mas o que percebo é o inverso."
Para o presidente do Conselho Municipal de Educação, Rodrigo da Cruz Goulart, as reclamações de superlotação se intensificaram no segundo semestre após os resultados de avaliações das escolas públicas. "Há a procura pelo melhor ensino".
Apesar disso, de acordo com a pesquisadora, as escolas públicas têm melhores condições para o ensino do que as privadas. Para o representante do sindicato das escolas particulares, João Alberto de Andrade, isso acontece porque o foco é o ensino.
As secretarias de Educação de Ribeirão e do Estado negaram a superlotação nas salas de aula e informaram que seguem resolução que fixa de 25 a 35 alunos por sala de aula. A secretaria estadual informou ainda que não há diferença financeira entre as escolas, que todas as unidades possuem livros e que em 2014 terão salas de informática.