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Prefeitura pede que morador racione água
Objetivo é economizar recurso para abastecer regiões que sofrem com falta d'água independentemente do clima
Administração alega que consumo cresceu 38% no município com a estiagem prolongada do verão
Para amenizar a crise da falta de água em Ribeirão Preto, o Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto) pediu ontem para que a população faça um racionamento por conta própria.
A meta é que haja 20% de contenção, para que bairros com problemas crônicos no abastecimento, como Ipiranga e Quintino Facci 1, recebam água.
De acordo com o diretor técnico do Daerp, Ivo Colichio, diariamente a cidade consome e produz 410 milhões de litros de água.
"Não faz sentido produzir mais", afirmou Colichio. Segundo ele, houve aumento no consumo de 38% por causa do forte calor.
Para Ana Niemeyer Pires Ferreira, especialista em recursos hídricos da ANA (Agência Nacional de Águas), no entanto, a falta de água na cidade poderia ser menor se a autarquia tivesse um sistema de reserva.
"[Pedir economia] É uma maneira política de resolver o alto consumo, mas não acaba com o problema da falta de água", disse Paulo Finotti, vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo.
Isso porque, segundo ele, a maior parte dos poços artesianos de Ribeirão Preto não são interligados. "Se faltar água na zona sul, não será problema da zona leste."
A aposentada Francisca Alves de Almeida, 64, disse que desde 2013 sofre com o problema do desabastecimento. Moradora do Ipiranga, ela e a família armazenam água em garrafas e tambor.
"É uma situação difícil. Não dá para se acostumar a viver dessa forma, mas não tem outro jeito", disse.
Segundo Finotti, a falta de água em Ribeirão é um problema institucional, mas é preciso que a população se conscientize sobre o uso.
Ontem, por exemplo, a Folha flagrou donas de casa lavando calçadas no bairro Monte Alegre. Segundo ele, a área de recarga do aquífero Guarani, que abastece a cidade, está com nível baixo.
O Daerp descartou adotar racionamento de água, medida que já é adotada em sete cidades da região (leia texto nesta página).
No entanto, para Finotti, o racionamento poderá ser necessário caso a seca persista por mais tempo.
Colichio, do Daerp, também pediu para que a população conserte vazamentos.
"Recebemos cerca de 70 solicitações da população para consertos de vazamentos todos os dias", afirmou.
A partir da próxima segunda-feira, cerca de 200 mil panfletos de uma campanha para economizar água serão distribuídos nas residências de todos os bairros.
Também serão instalados cartazes em ônibus e os alunos das escolas municipais receberão orientações sobre a seca intensa de Ribeirão.