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Operação tapa-buraco é criticada por moradores
Segundo eles, trabalho é malfeito e abrange apenas as principais vias
Reclamações surgiram após prefeitura iniciar operação, há quase dois meses; município diz que prioriza qualidade
Depois de 12 meses sem equipes para realizar o trabalho de tapa-buracos, há 55 dias a Prefeitura de Ribeirão Preto voltou a fazer reparos nas vias públicas. Os moradores, no entanto, reclamam da precarização e do cronograma dos serviços.
No Campos Elíseos, na zona norte, bairro com mais buracos no início da operação, segundo a prefeitura, os moradores reclamam de que apenas as ruas mais movimentadas foram reparadas.
Nas vias com tráfego menos intenso, só os buracos maiores foram consertados.
Em nota, a prefeitura diz que não prioriza as principais vias e que os serviços são vistoriados por técnicos (leia texto nesta página).
O aposentado Orival Barreto, 82, disse que em frente a sua casa, na rua Arthur Diederichsen, havia um buraco que ocupava metade da rua.
O buraco foi consertado há cerca de uma semana, mas outros buracos a cerca de cinco metros não foram reparados pela equipe.
"Pedi para arrumarem os buracos menores, mas disseram que não podiam. É um absurdo, porque apesar de pequenos eles atrapalham os motoristas", disse Barreto.
A reportagem verificou que a situação é a mesma em outros sete bairros, que, segundo a Infraestrutura, estão entre os principais atendidos no primeiro mês de operação.
Na Vila Virgínia, zona oeste, moradores reclamam do cronograma. Na rua Cardeal Arcoverde, os buracos foram consertados, mas a rua João Guião, que a corta, tem trechos com muitos buracos e remendos irregulares.
"A rua do vizinho parece um tapete. Eu pago os mesmos impostos que ele e queria ter a mesma qualidade na minha rua", disse a dona de casa Maria Lavínia Castro, 56.
MÁ QUALIDADE
Os moradores também disseram estar preocupados com a qualidade do serviço e o material utilizado. Na rua Pernambuco, no Campos Elíseos, um trecho recém-consertado já está com um pequeno buraco no meio.
"Demoraram tanto para fazer o serviço e já está com buraco de novo. Não me conformo com isso", disse a dona de casa Jéssica Ferreira, 26.
A licitação dos serviços de recapeamento é alvo de questionamentos do TCE (Tribunal de Contas) do Estado.
O tribunal cobrou explicações após receber relatório do Observatório Social de Ribeirão, organização da sociedade civil que apontou suspeita de irregularidades.
Entre os supostos problemas do serviço, que foi contratado por R$ 4,1 milhões, estão a permissão à empresa vencedora para utilizar, a pedido da prefeitura, material mais barato para o serviço, sem no entanto definir critérios técnicos sobre quando o material deve ser usado.
O TCE diz que a prefeitura respondeu aos questionamentos e que o processo está sendo analisado.