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Ribeirão

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Prostituição avança à luz do dia na zona norte de Ribeirão

Mulheres relatam violência noturna como um dos motivos para a migração

Cerca de cem garotas dividem a avenida Brasil ao longo do dia e criam alternativas para fugir da criminalidade

ISABELA PALHARES DE RIBEIRÃO PRETO

Às 11h de sexta-feira, Júlia estava em seu segundo cliente do dia e já havia contabilizado R$ 140. Assim como ela, garotas de programa que trabalham na avenida Brasil, na zona norte de Ribeirão Preto, trocaram a noite pelo dia para ter mais segurança.

A avenida, uma das principais de entrada da cidade, é ponto de trabalho de cerca de cem garotas de programa, segundo o Núcleo de Apoio Feminista Vitória Régia, associação de profissionais do sexo de Ribeirão.

Ana Paula, presidente do núcleo, disse que a violência sempre acompanhou as profissionais, mas se intensificou nos últimos três anos. Segundo ela, os assaltantes associam a prostituição a grandes quantidades de dinheiro.

"Qualquer noia [usuário de crack] quando quer dinheiro vai atrás delas. O problema é quando agridem ou estupram porque elas não têm."

Apesar de ter reduzido a violência atuando de dia, Ana Paula diz que a violência inclusive ocorre de policiais, o que faz com que as prostitutas busquem alternativas. "Elas estão sempre juntas na rua, ligam quando o programa está demorando demais."

A avenida Brasil, hoje, é o local que mais concentra profissionais do sexo. Muitas migraram da Nove de Julho e da Baixada, no centro.

Daniela Silva, 27, trabalha há sete anos na avenida. Há dois anos, quando teve a bolsa roubada, desistiu de trabalhar à noite. "Algumas meninas ficam até 21h ou 22h. Eu fico no máximo até as 19h, não quero arriscar."

A mudança do horário foi vantajosa para muitas delas. A via tem grande fluxo de veículos por dar acesso a rodovias como Anhanguera e Candido Portinari e está próxima a muitas empresas --o que garante grande número de clientes-- e motéis.

A maioria dos programas duram menos de meia hora e acontecem das 11h às 14h, no horário de almoço das empresas, e das 16h às 19h, no fim do expediente.

Raíssa, 26, que trabalha no Jardim Itatinga (Campinas), um dos maiores prostíbulos a céu aberto do país, ficou três dias em Ribeirão, aconselhada por amigas.

Em dois dias, disse ter lucrado R$ 2.000, com programas entre R$ 40 e R$ 70.

Já Júlia, 25, de Patos de Minas (MG), a 450 km de Ribeirão, viaja para a cidade uma vez por mês e trabalha 15 dias.

Disse que, no período, fatura R$ 9.000. Para a família, ela é modelo e atua em eventos. "Ribeirão é longe de casa e ninguém me conhece."

Para a Polícia Civil, a violência sofrida por elas ocorre devido à vulnerabilidade a que estão submetidas.


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