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Ribeirão

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Problemas persistem no campo 30 anos após levante

Em 84, Guariba teve maior protesto de boias-frias, com 1 morto e 30 feridos

Cidade, que chegou a ter 7.000 trabalhadores rurais na década de 80, atualmente mantém apenas 970 na função

ISABELA PALHARES ENVIADA ESPECIAL A GUARIBA

Maio de 1984. Sem transporte e equipamentos de trabalho e com baixos salários, boias-frias protagonizaram o Levante de Guariba, mais famoso movimento da categoria e que resultou na melhoria das condições enfrentadas nas lavouras de cana.

Apesar disso, 30 anos depois do histórico movimento, embora em menor número, as irregularidades persistem nos canaviais de São Paulo.

Outras situações, impensáveis nos anos 80, surgiram com a mecanização no corte de cana-de-açúcar e o fim das queimadas. Entre elas novas questões trabalhistas: o aumento do esforço físico, a ausência para intervalo de descanso e o trabalho noturno.

Só em 2013, foram abertos 205 inquéritos para apurar supostas irregularidades no Estado, sendo 63 deles nas regiões de Ribeirão Preto e Araraquara, segundo o Ministério Público do Trabalho.

A maioria investiga terceirização e jornada de trabalho irregulares, como horas extras ilegais, ausência de intervalos de descanso e trabalho noturno.

Segundo o Sindicato dos Empregados Rurais de Ribeirão, os cortadores manuais, contratados das usinas, recebem em média R$ 1.200, ante os R$ 800 de terceirizados.

Outro problema é que o esforço físico feito pelos boias-frias aumentou nos últimos 30 anos. Dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola) mostram que na região os trabalhadores cortam em média 9,2 toneladas de cana/dia. Em 1984, eram seis toneladas.

"Ele trabalha no limite porque sabe que, se não tiver bom rendimento, no próximo ano não será chamado", diz Maria Aparecida de Moraes Silva, pesquisadora de relações trabalhistas na UFSCar.

Sérgio Prado, representante da Unica (entidade das usinas), disse que as irregularidades são exceções.

Em 1984, os problemas eram outros. O levante, no dia 15 de maio, foi motivado pelas más condições de trabalho e a baixa remuneração.

Boias-frias eram transportados em caminhões pau-de-arara, não havia água ou marmita térmica e equipamentos de proteção não eram fornecidos, assim como facões.

O estopim foi a intenção de quatro usinas de passarem de cinco para sete as "ruas" a serem cortadas pelos trabalhadores. Isso elevaria a distância de corte, o que geraria mais cansaço e menos produção aos empregados.

A medida foi anunciada no mesmo período em que a Sabesp divulgou alta de quase 500% na tarifa de água.

Os boias-frias, então um terço da população local, iniciaram uma grande greve, que resultou em um morto e 30 feridos, sendo 14 a bala.


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