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Ribeirão

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7 em cada 10 crianças para adoção têm mais de 10 anos

Maioria dos interessados quer recém-nascido, do sexo masculino e branco

Para tentar mudar quadro, grupos e Justiça incentivam a adoção tardia em cursos a pretendentes na região

CAMILA TURTELLI DE RIBEIRÃO PRETO

A maioria das crianças aptas para adoção hoje na região de Ribeirão tem mais de dez anos e quase nenhuma perspectiva de ser adotada.

De acordo com o CNA (Cadastro Nacional de Adoção), há hoje 43 crianças para adoção nos dez municípios mais populosos da região --30 delas com mais de dez anos, ou sete em cada dez.

Elas são consideradas "velhas" para a maioria dos requerentes e estão destinadas a se tornarem adultas dentro dos abrigos, sob o cuidado de funcionários e tutela do Estado, exceto raras exceções.

"Com menos de dez anos é mais fácil colocá-las para adoção. Depois disso, as pessoas já não querem", disse o juiz da Vara da Infância e da Juventude de Ribeirão Preto, Paulo César Gentile.

Segundo ele, a maioria dos interessados na região busca por crianças recém-nascidas, brancas e do sexo masculino.

A espera por um bebê com essas características leva em média cinco anos. "É o panorama nacional da adoção", disse o juiz da Infância e Juventude de Jaboticabal, Alexandre Baptista dos Santos.

Segundo o CNA, dos 30.424 interessados no país, só 252 (0,82%) aceitam crianças dessa idade. De acordo com Santos, há um problema cultural que dificulta a adoção de crianças mais velhas no país.

"Crianças de até dois anos não passam muito tempo no abrigo. É fácil falar que a culpa é dos casais, mas não é só isso. É uma questão cultural e também do sistema, que deve ser mais ágil."

Culturalmente, o brasileiro pensa em adotar um bebê para integrá-lo com mais facilidade à família. Mas Santos diz que o adotante é quem deveria pensar em oferecer uma família à criança.

Segundo ele, um dos problemas está na morosidade do processo que torna uma criança apta a adoção.

Antes de entrar para o cadastro, o menor precisa passar por um processo judicial de destituição familiar que pode levar anos.

Na tentativa de mudar o quadro, associações e Justiça incentivam a adoção tardia aos que buscam o processo.

"Às vezes, usamos um recurso extremo que é recorrer à mídia para encontrarmos uma família para os adolescentes", afirmou Gentile.

Os interessados em adotar precisam se cadastrar no Fórum e fazer um curso, em que são incentivados a visitar os abrigos e a pensarem na adoção de crianças mais velhas.

Ribeirão tem hoje dois abrigos que reúnem 68 crianças, o Cacav e o Carib/Nosso Clubinho. A minoria está apta à adoção. Segundo Gentile, muitas ainda estão em processo de destituição familiar.


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