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Violência e vandalismo expõem 'lado B' de feira
Consumo de entorpecente também marca evento na região central de Ribeirão
Superintendência da feira afirma que ocorrências acontecem em local aberto e que cabe à PM intervir
Furtos, roubos, atos de vandalismo contra lojas e ônibus, além de tráfico e consumo de drogas à luz do dia. Esses problemas expõem o "lado B" da Feira do Livro de Ribeirão Preto.
As ações são praticadas, em sua maioria, por grupos de numerosos adolescentes, fora das delimitações com grades feitas pela organização do evento.
Viviane Mendonça, superintendente da feira, afirmou que cabe à Polícia Militar agir neste tipo de ocorrência.
De acordo com expositores ouvidos pela Folha, as vendas estão menores neste ano devido aos incidentes. A previsão desses livreiros é de queda de até 30%.
A reportagem flagrou nesta quinta-feira (22) adolescentes utilizando maconha, livremente, nos bancos da praça Carlos Gomes, ao lado da praça 15, onde se concentram os estandes das livrarias.
É ali que a feira montou quadra de basquete e pista de skate, além de ter instalado uma rádio comunitária.
Nos quatro primeiros dias do evento, a rádio tocava rap em volume alto, provocando a reclamação de expositores à organização da feira.
O som diminuiu, mas os problemas continuaram.
No final da tarde de quarta-feira (21), por exemplo, nove crianças usavam entorpecente perto de seguranças da feira, que nada fizeram.
As crianças passavam o cigarro de maconha de mão em mão e riam da situação.
Já no dia seguinte, outro flagrante: jovens preparavam a maconha para o consumo, enrolando a droga em papel.
"Isso aí é todo dia, toda hora. Todo mundo vê e finge que não está acontecendo nada", afirmou o sorveteiro Amauri Rosa Filho.
POLÍCIA
A PM apreendeu pelo menos oito adolescentes com drogas entre segunda (19) e quarta (21), segundo levantamento feito pela Folha no 1º DP (Distrito Policial).
Em depoimentos à Polícia Civil, os jovens afirmaram que iam vender a droga ou que compraram na Praça 15.
Há também o registro de atos de vandalismo contra lojas do centro e ônibus.
"Eles passam chutando as portas das lojas", disse Talita Mendes, 32, gerente de uma loja de roupas.
Cinco ônibus urbanos foram depredados, de acordo com a assessoria de imprensa da consórcio Pró-Urbano.
"O que está acontecendo mostra os conflitos e as contradições da feira, que não atende as necessidades básicas de jovens da periferia", disse o psicólogo e professor da USP Sérgio Kodato.