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Risco de extinção

Recuperação do patrimônio genético de espécies de árvores nativas da USP está parado e gera embate no campus de Ribeirão

GABRIELA YAMADA DE RIBEIRÃO PRETO

A recuperação do patrimônio genético de espécies de árvores nativas da USP de Ribeirão Preto, incendiado em 2011 e único do tipo no país, está parada e o projeto corre risco de ser extinto.

Professores do departamento de biologia da FFCLRP (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto) dizem que a prefeitura do campus não tem interesse em recuperar o que foi perdido.

"A USP tem o dever de recompor o dano ambiental. Mas a prefeitura [do campus] não tem conhecimento técnico nem vontade", afirmou Marcelo Pereira, professor de política e gestão ambiental.

Em nota, a assessoria do campus da USP de Ribeirão Preto informou, no entanto, que o banco genético foge das atividades fins da prefeitura, que são administrativas.

A nova política ambiental da USP, implantada no fim de 2013, virou alvo de polêmica após a diretoria tirar do conselho de meio ambiente docentes e alunos.

O caso foi parar no Ministério Público. Na terça (2), uma audiência foi marcada com a Promotoria para discutir a recuperação do banco.

"Estamos numa luta para preservar algo que é para a própria instituição", disse a professora Elenice Varanda.

Ela e Pereira faziam parte do grupo de trabalho que atuava no banco genético --extinto pela prefeitura, também no final do ano passado.

Desde então, docentes têm de pedir autorização ao prefeito do campus, Osvaldo Luiz Bezzon, para plantar mudas na floresta. Em março e abril, a prefeitura autorizou plantar 1.800 mudas, mas informou que era "excepcional".

O problema, segundo Elenice, no entanto, é que as mudas deveriam ter sido plantadas em janeiro, na época de chuvas --apesar da estiagem. "Muitas delas estão morrendo porque o clima está seco."

De forma voluntária, professores e alunos usaram seus próprios carros e compraram materiais, como regadores, para o plantio.

"Está sendo um sacrifício enorme porque não podemos contar com nenhum suporte", disse Polyana Garcia, 20, aluna de ciências biológicas.

Segundo os docentes, após plantadas as 1.800 mudas eles deverão pedir nova autorização. Num viveiro, há cerca de 6.000 mudas do banco genético que, caso não sejam plantadas, poderão morrer.

Outro problema ameaça a floresta da USP: entulhos de construção civil são jogados no local por falta de vigilância. A Folha constatou, além de entulhos, áreas prejudicadas por incêndios menores.

Criado em 1998, o banco genético reunia espécies de diferentes matas da região num só lugar, que servia como fonte de sementes de alta qualidade. O incêndio de 2011 --apontado como criminoso pelo Ibama -- destruiu 70% do patrimônio.


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