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Trânsito é a maior causa de morte de jovens

Em cinco anos, acidentes mataram mais que homicídios nas dez cidades mais populosas da região de Ribeirão

Dados são do 'Mapa da Violência', divulgado nesta quarta-feira (2); especialistas dizem que faltam ações educativas

GABRIELA YAMADA DE RIBEIRÃO PRETO

O trânsito é a principal causa de morte de jovens com idade entre 15 e 29 anos nas dez maiores cidades da região de Ribeirão Preto.

Os dados são do estudo "Mapa da Violência 2014 - Os Jovens do Brasil", da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, divulgado nesta quarta-feira (2).

De acordo com o estudo, entre os anos de 2008 e 2012 foram assassinados 365 jovens na região. O número de jovens mortos em acidente chegou a 711.

Os dados apontam ainda que São Carlos tem a segunda maior taxa de jovens mortos por acidente a cada 100 mil habitantes no país, com 130,2. A primeira é Redenção (PA), cuja taxa é de 137,8.

O aumento de motocicletas nas ruas e a ausência de uma legislação de trânsito eficaz explicam os números, segundo o coordenador do estudo, Julio Jacobo Waiselfisz.

"À medida em que avança a civilização, o índice de homicídio cai e aumentam as mortes no trânsito", disse.

Para o especialista em trânsito e professor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) Archimedes Azevedo Raia Júnior, faltam fiscalização nas ruas e ações educativas de trânsito direcionadas aos jovens.

"Pouco se tem feito para reverter a situação. Vejo um horizonte sombrio", afirmou.

Em Ribeirão, as mortes no trânsito aumentaram 100%: passaram de 31 para 62.

Sérgio Kodato, psicólogo e coordenador do Observatório da Violência e Práticas Exemplares da USP Ribeirão, disse que o estilo de vida adotado pelas classes média e alta da cidade, com uma conduta "exibicionista e de ostentação", reflete nos dados.

"A direção se tornou um dos grandes sentidos da vida dos jovens", afirmou.

Ele disse ainda que, de uma forma geral, os pais estão mais permissivos com os seus filhos.

PERDA

O encarregado de produção José Luiz Bacalhau, 56, disse que ainda sente a dor pela perda da filha, a estudante Monique Bacalhau, 18.

Ela foi a única vítima fatal de um acidente de trânsito, em novembro de 2011, que aconteceu na avenida Saudade, no bairro Campos Elíseos.

Monique voltava de uma festa com outros jovens, num Corolla que trafegava em alta velocidade, de acordo com a Polícia Militar.

Após passar em um sinal vermelho, o carro foi atingido por um ônibus.

"Minha filha foi arremessada para fora e morreu na hora. Até hoje, não sabemos ao certo o que aconteceu."

O motorista, na época com 19 anos, ficou em estado grave. O inquérito que apura o acidente ainda está em tramitação e nenhuma audiência foi marcada, segundo ele.

"Ninguém foi responsabilizado. A dor que sentimos só aumenta a cada dia. Hoje, vejo que é preciso ter mais diálogo com os filhos", disse.


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