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Seca prejudica reprodução e ameaça peixes no rio Mogi

Falta de chuvas durante piracema impediu que espécies se reproduzissem

Rio está com vazão de 14 mil litros/segundo, enquanto o ideal para a sobrevivência dos peixes é de 21 mil litros

ISABELA PALHARES JOÃO ALBERTO PEDRINI DE RIBEIRÃO PRETO

Com uma das piores estiagens já registradas no Estado, o baixo volume de água no rio Mogi-Guaçu impediu a reprodução de 14 espécies de peixes já ameaçadas de extinção na bacia hidrográfica.

A inesperada falta de chuvas entre os meses de novembro do ano passado e março de 2014 coincidiu com o período da piracema --novembro a fevereiro--, quando os peixes sobem os rios para a desova e reprodução.

Coordenador do Cepta (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais), do Ministério do Meio Ambiente, José Augusto Senhorini disse que essa é uma das piores situações no rio em 50 anos. Com a estiagem, a cabeceira do rio, no município de Mogi-Guaçu, também está com baixo nível.

Na região de Ribeirão Preto, o rio estava nesta quinta-feira (10) com vazão de 14 mil litros por segundo. A vazão mínima ideal para os animais é de 21 mil litros.

"O alerta de extinção dessas espécies foi dado em 2004. A situação estava sendo controlada, mas a estiagem colocou o trabalho de recuperação dessas espécies em risco", disse Senhorini.

A situação mais grave é a da espécie piracanjuba. Anualmente eram encontradas cinco toneladas do peixe no rio Mogi, mas neste ano foram encontrados somente 16 exemplares. O peso médio de cada um é de dois quilos.

Também estão ameaçados pacu, jaú e curimbatá, entre outros. A bióloga Elziane Sandrim disse que as espécies podem ser reduzidas nos próximos meses, se não ocorrer chuvas significativas para aumentar a profundidade do rio --que em alguns pontos chega a 45 centímetros.

No rio Pardo, a profundidade chegou a apenas 47 centímetros na quarta-feira (9).

"No fundo do rio há o acúmulo de folhas e raízes, que acabam fermentando e reduzem a oxigenação da água. Isso dificulta a sobrevivência dos peixes, ainda mais com uma lâmina estreita de água."

Equipes dos ministérios do Meio Ambiente e da Pesca se reuniram em fevereiro para discutir a prorrogação do veto da pesca nos rios da bacia do Paraná na piracema. A prorrogação não ocorreu.

"Com pouca água, os peixes se tornaram presas fáceis para a pesca predatória com arpões e redes. A proibição deveria ter sido prorrogada", afirmou a bióloga.

Com deságue no rio Pardo, que depois alcança o rio Grande, o Mogi-Guaçu é considerado o "berço" das espécies da bacia do Paraná.

De acordo com relatório do Cepta, as principais ameaças aos peixes são o represamento e remoção da mata ciliar, a poluição e a modificação dos habitats naturais.


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