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'Pré-Ribeirão' é contada em documentos
Papéis que estavam em Casa Branca contam história do povoamento a partir de 1834, 22 anos antes da fundação
São 600 folhas de documentos que vão até 1861 e relatam a disputa de três famílias por áreas de fazendas
Documentos recém-doados ao Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto contam a história do povoamento na região a partir de 1834, 22 anos antes da fundação oficial do município.
São pelo menos 600 folhas que começam a ser estudadas pelo pesquisador Mauro Porto, do Arquivo Público.
A documentação estava em Casa Branca e é importante para a história de Ribeirão por ser um tipo raro e de difícil acesso de fonte, a jurídica.
Os papéis, ainda da época escravocrata, relatam a disputa de três famílias por áreas de fazendas na região.
"Os documentos chegam até 1861 [cinco anos após a fundação de Ribeirão] e falam do esbulho por terras entre três famílias, os Dias Campos, Reis Araújo e Borges da Costa", afirmou Porto, que terá auxílio de uma voluntária para começar a transcrever os documentos.
Segundo o historiador Arthur Barros, do Arquivo Público, os poucos documentos desse período sobre Ribeirão que foram guardados no local são fruto de doações feitas pelas igrejas. "Vai dar para confrontar uma história com a outra", disse Barros.
Historiadores afirmam que o período foi pouco explorado e que agora é uma oportunidade para estudantes ampliarem o conhecimento sobre a história do município. Pesquisadores como José Antônio Lages e Luciana Soares Lopes estudaram o período.
Lages analisou documentos da década de 30 e Luciana pesquisou sobre a região a partir de 1849 até 1889.
LOTADO
Os documentos doados ao Arquivo Público "felizmente cabem em uma pasta", de acordo com Barros, o que fez funcionários do local agradecerem. Isso porque não há mais espaço para guardar documentos no local onde está instalado o Arquivo Público. "Se fosse doação grande não poderíamos aceitar", disse.
A situação fez com que o professor Lages entrasse com representação no Ministério Público de Ribeirão Preto. Ele pede uma intervenção judicial para que a prefeitura alugue um espaço maior.
Atualmente, o Arquivo Público fica na rua José da Silva, no Jardim Paulista, zona leste da cidade.
De acordo com Lages, não há mais espaço para novos arquivos e o número de funcionários é insuficiente.
O temor da classe acadêmica é de que os documentos fiquem comprometidos. A Promotoria analisa o caso.
Por meio de sua assessoria, a prefeitura informou que as secretarias da Cultura e do Planejamento "estão buscando endereços para que a mudança do arquivo seja feita".
Outra discussão é a digitalização de todos os documentos. Segundo funcionários do arquivo, a digitalização deve começar em setembro. O processo deve ser concluído no prazo de até cinco anos.
