Folha de S.Paulo

Copa foi 'tsunami' para o setor de calçados, diz presidente da Francal

DE SÃO PAULO

A Copa do Mundo, a realização tardia do Carnaval neste ano-- em março--, e até mesmo as eleições, são vistas como motivos para o baixo desempenho do setor calçadista, que acumula resultados negativos em produção e faturamento em 2014.

A avaliação foi feita por entidades do setor nesta terça-feira (15) na abertura da Francal, uma das maiores feiras de calçados do país, no Anhembi, em São Paulo.

"A Copa foi um tsunami para o setor. O ano é muito atípico para a economia, porque não se trabalhou no primeiro semestre, o que prejudicou não só o setor calçadista, mas vários setores", afirmou o presidente da feira, Abdalla Jamil Abdalla, durante discurso na abertura.

Para Antoniel Lordelo, presidente da Ablac (Associação Brasileira e Lojistas de Artefatos e Calçados), outro indicativo das dificuldades enfrentadas pelo setor é o resultado das vendas para o Dia das Mães que, em maio, ficou abaixo da expectativa.

"O varejo, após uma década de crescimento, começa a dar sinais de perda de força. Inflação em alta e elevação dos juros afetam o orçamento doméstico e enfraquecem o consumo", diz.

Ainda de acordo com Lordelo, as vendas de itens do segmento de vestuário e calçados sofreram recuo de 1,6% na comparação com maio, índice que pela segunda vez consecutiva está no menor nível da média histórica.

EMPREGOS

Segundo dados da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados), o número de empregos caiu 1,9% no setor no primeiro semestre deste ano, que teve ainda redução de 2,5% nas exportações dos produtos.

O setor só conseguirá lutar contra os problemas se tiver gestão eficiente e capacidade de inovação, avalia Heitor Klein, presidente da associação. "Temos de satisfazer o cliente a preços adequados, temos de ser competitivos", afirmou o representante.

A 46ª edição da Francal será realizada até esta sexta-feira (18), e tem uma expectativa de receber 60 mil profissionais do setor no Anhembi.