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Relatos à 'Comissão da Verdade' revelam torturas e arbitrariedades

DE RIBEIRÃO PRETO

"Tiraram meus sapatos e fizeram com que eu pisasse em uma toalha molhada. Na sequência amarraram fios nas pontas dos meus dedos das mãos e deram choques."

O relato faz parte do depoimento do advogado Luiz Roberto Silveira Lapenta concedido à Comissão da Verdade da OAB de Ribeirão Preto na última sexta-feira (25).

Lapenta foi a quinta pessoa ouvida pela comissão criada há um mês. Para ele, o depoimento foi a primeira oportunidade de falar em público sobre a reunião secreta dos vereadores.

O episódio da prisão e tortura de Lapenta foi em novembro de 1969. Ele chegou a ser levado para o prédio do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), onde hoje é a Delegacia Seccional de Ribeirão Preto.

Para os membros da comissão, a arbitrariedade do regime e os requintes de crueldade nas sessões de tortura são o que mais impressionam. "Um juiz ameaçou fechar o fórum porque se viu sem poder", disse Eduardo Silveira Martins, da comissão.

Habeas corpus que não eram cumpridos, pessoas que iam presas sem saber o porquê, "como se fosse um sequestro", eram corriqueiros no período, segundo Martins.

A comissão também já ouviu o frei Manoel Borges da Silveira, irmão da madre Maurina Borges da Silveira.

Ela foi presa em 1969, depois de ter cedido o porão do orfanato Lar Santana, que dirigia, a estudantes ligados às Faln (Forças Armadas de Libertação Nacional).

"Ele fez questão de frisar que a irmã, apesar dos abusos sofridos, não foi estuprada e muito menos ficou grávida, como diziam boatos", afirmou Martins.

Também ouviu o advogado Said Issa Halah, que foi preso, e o médico Marco Antonio Barbieri, que teve o tímpano perfurado durante uma sessão de tortura.

A acusação contra Halah era de ter relações com a esquerda. Barbieri foi acusado de esconder líderes da ALN (Ação Libertadora Nacional).

A comissão entrevistou também Marcelo Duarte de Oliveira, o Dom Agostinho, que foi perseguido pelo "esquadrão da morte" na época.

O padre foi perseguido porque tinha um documento que comprovava o extermínio de presos políticos.


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