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Ribeirão

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Entrevistas 'Folha Ribeirão' - Sidnei Franco da Rocha, 69

Fiquei oito anos sem férias, mas consegui tirar Franca do buraco

Prefeito da cidade, que evita falar de futuro político, deixa o cargo amanhã, quando Alexandre Ferreira inicia o 3º mandato tucano seguido

JULIANA COISSI ENVIADA ESPECIAL A FRANCA

Ao lembrar de seus oito anos de governo, o prefeito de Franca, Sidnei Franco da Rocha (PSDB), confessou que chegou a duvidar, ao assumir em 2005, se conseguiria reduzir a então dívida da cidade, de R$ 180 milhões -hoje, ela é de R$ 61 milhões.

"Fiquei oito anos sem férias, mas consegui tirar Franca do buraco", afirma Sidnei à Folha, resumindo seus dois mandatos, que terminam amanhã.

No próximo dia 1º, assume o cargo Alexandre Ferreira (PSDB), que também foi secretário da Saúde e de Desenvolvimento de seu antecessor.

Questionado sobre seu futuro -é citado como candidato a deputado em 2014 -, ele evita responder e faz uma brincadeira: "É como diz o Zeca Pagodinho: 'Deixa a vida me levar'". Leia trechos da entrevista à Folha.

O sr. cita as creches construídas, mas ainda há 2.300 crianças na fila. Por que em oito anos ela não foi zerada?
Sidnei Franco da Rocha - Porque o problema não era só creche. Havia problemas em sala de aula, de estrutura do ensino que precisava ser melhorada. Mas fazer 30 creches é um recorde e, se existe ainda alguma defasagem, isso é histórico. Fizemos o que era possível.

Em oito anos, qual sua maior realização?
Olha, tem uma coisa física e outra não física. O físico é que fizemos 400 km de recapeamento. Você imagine pegar a estrada daqui a São Paulo? Porque a cidade estava detonada.
Do ponto de vista subjetivo, fizemos um trabalho psicológico. O povo de Franca, oito anos atrás, dizia: 'Nós vamos perder, não vai dar certo'. E a gente conseguiu reverter isso. Hoje a cidade é muito mais otimista.

Como assim?
É um trabalho psicológico, do sentimento da cidade, da mentalidade da cidade. Era uma mentalidade perdedora. Hoje não, é uma mentalidade vencedora. 'Sim, vai dar certo, porque está ótimo, está bom.' Isso muda o astral. Você muda o comportamento de uma sociedade. E a gente conseguiu, acho que o mais difícil, inclusive é isso, trabalhar essa mentalidade.

E o que não fez?
Saio muito feliz. Não faltou nada. Quando você larga sua atividade particular para se dedicar exclusivamente à prefeitura, você espera melhorar a vida das pessoas. O meu pagamento é o reconhecimento da minha dedicação pela cidade.

Franca ainda mantém indicadores econômicos baixos em comparação a outras cidades. Por que isso ocorre?
É difícil comparar atividades diferentes. Aqui é uma cidade que você não tem desemprego, que falta mão de obra. Muito difícil quando sobra gente. Aqui é uma cidade industrial, não dá para comparar Franca com Ribeirão Preto, por exemplo.
Ribeirão é uma cidade estudantil e comercial. Franca é uma cidade operária. Mas por outro lado aqui não tem favelas como Ribeirão, cidades até menores, porque tem uma característica própria. Não é uma cidade rica, mas tem uma renda familiar razoável e que mantém um nível de vida razoável. Pobre, mas sem miséria. É uma característica. Nunca será diferente enquanto for uma cidade operária, industrial.

Da parte do seu governo faltou algo para mudar esse cenário?
Não, nem pode deixar de ser operária. Pelo contrário: nós incentivamos. Fizemos [o programa] Do Empreendedorismo ao Profissionalismo, que foi um curso para os novos empresários, que temos muito. Apareceram 2.600 microempresários para fazer curso. É uma cidade que trabalha nessa linha, e incentivamos muito isso.
E também demos palestras a grandes empresários. E se trabalhou também na redução de impostos do sapato, que o governador Geraldo Alckmin baixou o imposto e isso ajudou também. É esse o trabalho de uma cidade operária que tem um produto como o calçado.

O sr. assumiu em 2005 com uma dívida e a reduziu. Ainda assim deixa R$ 61 milhões para seu sucessor. Isso não atrapalhará o governo dele?
Não, ela é de previdência e fundo de garantia. Os fornecedores, pagamos todos. Nem usei o FPM [Fundo de Participação dos Municípios]. É essa estrutura que o prefeito [Alexandre] terá.

Falando sobre saúde, houve acúmulo de cirurgias eletivas. A prefeitura não pôde ajudar a sanar essa espera?
Nós tentamos, até nos hospitais particulares. Porque a Santa Casa não tem estrutura, ela vai fazendo aos pouquinhos. Mas nos particulares tinha um problema: apesar de simples a cirurgia, e, se houvesse complicação, quem pagaria a internação por um mês, dois meses? Não havia como.

Sobre segurança, Franca e região tiveram um aumento de homicídios. Faltou mais atuação da polícia de São Paulo, comandada pelo seu partido?
Esse é um problema do governo do Estado. A prefeitura não tem como combater o delito, a droga. Nós sabemos que, no aumento da violência, a base é a droga. A polícia está funcionando, só que aumentou demais a criminalidade, principalmente com o crack. A polícia está fazendo o que ela consegue fazer. Mas precisa fechar as fronteiras.

Nas eleições, houve três nomes cogitados entre seus secretários: além do Alexandre, a Valéria Marson e o Sebastião Ananias. Por que o sr. definiu pelo Alexandre?
Não, não houve definição nenhuma. Fizemos as prévias, ato democrático. Eu indiquei os três, eles disputaram e o Alexandre ganhou. Só depois eu o apoiei.

E como viu o racha do Ananias, que o seguia há décadas e deixou o governo?
Eu não explico. Ele que tem que explicar. Ele quis ir embora, foi. A vida continuou.

Na campanha eleitoral, qual foi o momento mais difícil?
Nenhum. Fizemos um planejamento da campanha e seguiu à risca. Não tivemos de corrigir o rumo das coisas.

Mas a vereadora Graciela Ambrósio estava à frente no início da campanha...
Mas a gente já sabia. Quando lançamos o Alexandre, sabíamos que ele tinha 2% das intenções de voto, até menos. Eu tinha certeza que íamos ganhar a eleição.

O sr. descarta no futuro ser prefeito novamente?
Acho difícil. Três vezes é um número bem razoável.

Em 2014, o sr. sairá candidato a deputado?
Não tenho definição nenhuma. Fiquei oito anos sem férias. Agora eu vou parar, descansar. Política não é fundamental na minha vida. Fundamental para mim foi tirar Franca do buraco. Se precisar abandonar a política, abandono sem trauma.

Leia a íntegra da entrevista
folha.com/no1207602


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