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UFSCar aprova obra em área de preservação e provoca polêmica
Conselho Universitário aprova a proposta da reitoria que prevê desmate de 10% do cerrado
Ambientalistas dizem ver ameaça à fauna e à flora; para reitor, via será importante para a expansão do campus
Márcia Ribeiro/Folhapress | ||
Caminho de terra que passa em área de cerrado em regeneração no campus da UFSCar |
O Conselho Universitário da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) aprovou ontem a construção de uma via urbanizada que prevê ligar duas áreas do campus em São Carlos, o que gerou queixas de ambientalistas.
O local faz parte de uma área de 50 hectares de cerrado (equivalente a 65 campos de futebol). A proposta da universidade é desmatar 10% da área -classificada como cerrado em regeneração- para construir a via e compensar com o reflorestamento em outras áreas do campus.
Apesar da decisão, o projeto ainda depende de aval da Cetesb (Companhia Ambiental de São Paulo) para ser colocado em prática.
Contrários ao projeto, estudantes e ambientalistas justificam que a obra é uma ameaça à fauna e à flora.
"O projeto prevê uma estrada com prédios ao lado do cerrado. O impacto, chamado efeito de borda, é muito superior aos 10%. E, por menor que seja a rua, o risco de atropelamento de animais é muito grande", disse Giordano Ciocheti, doutorando de ecologia e membro do Coletivo do Cerrado.
O grupo apresentou uma proposta alternativa à aprovada pelo conselho, que defende a manutenção do cerrado e a passagem de pedestres e ciclistas pela via interna já existente na área, não pavimentada.
Carros, motos e ônibus passariam pela rodovia Washington Luís, que já interliga as duas áreas do campus.
Para o estudante de ciências sociais e diretor do Diretório Central de Estudantes, André Sales, a intervenção no bioma prejudicará pesquisas.
"Não há necessidade de uma rua urbanizada. Várias espécies de plantas e animais vão morrer", disse.
O reitor da universidade, Targino de Araújo Filho, disse que a construção da via é fundamental para o projeto de expansão da universidade. "Não termos a opção dessa passagem significaria retardar esse processo."
Segundo o docente de biologia da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) Ivan Schiavini, o desmatamento da área seria mais prejudicial à fauna do que à flora.
"Se é uma área em regeneração, ela já foi degradada, e se trata de uma área pequena também. Neste caso, os animais estariam mais comprometidos", afirmou.