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O corpo é tela

O artista plástico W. Veríssimo, de Franca, encontra em pinturas produzidas em corpos nus o suporte ideal para praticar a arte

FERNANDA TESTA ENVIADA ESPECIAL A FRANCA

É tarde de terça-feira e ele começa a preparar as tintas para criar mais uma obra de arte. Pincéis de vários tamanhos, água, panos úmidos. Sala iluminada, música ambiente. Tudo pronto para começar. A diferença é a tela.

Em vez de molduras bidimensionais, é no corpo humano que a arte se manifesta. É assim que Wellington César Veríssimo, ou W. Verríssimo, 48, constrói seus "quadros" -por meio da pintura corporal.

Os corpos nus de homens e mulheres redesenhados pelo artista plástico de Franca renderam a Veríssimo ibope na TV aberta brasileira.

Atualmente, em vários programas na TV Record, Veríssimo exibe suas criações, que vão desde réplicas de roupas até pinturas abstratas.

"A TV me abriu as portas para trabalhar pelo Brasil todo", diz. A pintura já rendeu trabalhos em carnavais do Rio e de São Paulo, feiras, festas e casamentos -a noiva entrou com um vestido pintado, em vez de costurado.

A trajetória de 19 anos de carreira pintando corpos, no entanto, foi árdua.

"Desde criança eu sempre gostei de desenhar", conta. "Aos oito anos minha mãe me matriculou em uma escola de desenho em Franca." Aos 18 começou a dar aulas de pintura em tecido.

Após terminar o ensino médio, começou a cursar artes plásticas na Unifran (Universidade de Franca). Por problemas financeiros, trancou o curso duas vezes.

"Estava desanimado, até que apareceu um senhor na minha casa pedindo para eu restaurar uma imagem. Contei que tinha desistido da faculdade e ele disse para eu ir à Unifran no dia seguinte."

O homem era o dono da universidade, Clovis Eduardo Pinto Ludovice, que concedeu a Veríssimo uma bolsa de estudos para que ele terminasse o curso.

"Eu me formei em 1990. Uma semana depois, abri minha primeira escola." Veríssimo dava aulas de técnicas de desenho e pintura.

A PINTURA CORPORAL

A pintura de corpos surgiu em 1994, quando uma amiga, dona de uma escola de balé em Franca, convidou-o para criar cenário e figurino da festa de fim de ano da escola.

"Nos pedestais do cenário pensei em colocar esculturas vivas. Pintei três rapazes como se fossem de mármore."

Passou a pesquisar a pintura corporal. Conheceu o trabalho de Albery Seixas da Cunha, que começou a utilizar a técnica nos anos 70.

O artista pinta sobre corpos totalmente nus, só cobertos por um tapa-sexo com adesivos que ele criou.

O destaque em Franca, diz, surgiu com a ajuda de Patrícia, colunista social da cidade. "Todos os anos ela organiza uma festa com empresários e personalidades na cidade. Em 1996, ela disse que queria as pinturas na festa."

Os recepcionistas no hall de entrada exibiram a arte de Veríssimo. "Chocou, mas também agradou."

A primeira oportunidade de aparecer em um programa de TV veio em 1998. Veríssimo apareceu nos programas de Otávio Mesquita, na Band, e de Luciana Gimenez, na RedeTV!. Depois disso foi ao programa de Gugu Liberato, que ainda estava no SBT.

A partir daí as oportunidades se multiplicaram. Veríssimo participou com Silvio Santos do "Gente que Brilha" (onde foi finalista), no SBT, e ganhou duas vezes o quadro "Se Vira nos 30", do "Domingão do Faustão" (Globo).

Depois começou a ser chamado por Eliana para o "Tudo é Possível", na Record, e a emissora o contratou com exclusividade, com o quadro "Essa moda pega".

RECONHECIMENTO

Para Veríssimo, a TV foi um degrau que o ajudou a alavancar a carreira como pintor de corpos. Uma pintura corporal assinada pelo artista custa de R$ 500 a R$ 3.000.

O curioso das "telas corporais" é a efemeridade da obra. Após a criação, a pintura tem poucas horas de "vida". Só dura até o próximo banho.

"Eu registro todos os trabalhos por foto, mas é dolorido porque a arte vai literalmente para o ralo", disse.

Para ele, a principal diferença entre pintar telas e corpos está na energia. "A tela é bidimensional. Você coloca só a sua emoção ali. Quando se trabalha com o ser humano, é outro tipo de energia."

E qual é o sonho do artista das telas vivas? "Pintar somente por prazer."


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