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Saúde + Ciência

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Pacientes 'guardam' células para uso estético no futuro

Empresa de SP armazena células produtoras de colágeno, mas aplicação prática ainda não é validada no país

Especialistas se dividem quanto à utilidade e à validade desse serviço, que pode custar entre R$ 5 mil e R$ 8 mil

GIULIANA MIRANDA DE SÃO PAULO

Um serviço que congela e armazena células jovens e saudáveis para serem usadas em tratamentos estéticos no futuro --apresentado pela empresa responsável como uma "poupança da beleza"-- já está disponível nos consultórios de São Paulo. Especialistas na área, no entanto, ainda se dividem quanto à validade e à utilidade desse tipo de procedimento.

Isso porque, embora existam pesquisas com resultados bem-sucedidos, uma boa parte das possíveis aplicações das células preservadas ainda está longe de sair dos laboratórios. E, as que já são aprovadas e têm aplicações efetivas no exterior, ainda não tiveram seus resultados validados para serem realizadas regularmente no Brasil.

"Ainda são necessários estudos para que esses tratamentos sejam desenvolvidos e usados rotineiramente, mas os resultados das pesquisas feitas no exterior são excelentes. Estamos trabalhando para desenvolver isso no Brasil também", rebate Andresa Forte, cientista da TechLife, empresa que presta o serviço e é um braço da CordCell, que armazena células-tronco do cordão umbilical.

Embalado pelo sucesso da técnica lá fora, a grande aposta da companhia são os fibroblastos, as células produtoras de colágeno --um dos principais "ingredientes" da firmeza da pele.

Nos EUA, a FDA (agência que regula remédios e alimentos) aprovou o uso de uma técnica que usa os fibroblastos para corrigir rugas e depressões na pele.

Para isso, é retirado um pequeno pedaço de pele do paciente, preferencialmente de uma área pouco exposta ao Sol, para minimizar as chances de mutações. Depois, essas células são cultivadas em laboratório e reinjetadas, corrigindo as imperfeições.

Embora as atuais aplicações de colágeno, ou até de botox, já consigam bons resultados, as empresas apostam na maior durabilidade do método e na menor ocorrência de alergias ao usar as próprias células da pessoa.

A TechLife está montando um protocolo para tentar validar uma técnica semelhante à aprovada nos EUA para uso no Brasil. Além dos fibroblastos, a empresa também armazena outros tipos de material, com ênfase sobretudo nos que podem ser derivados em células-tronco: gordura e polpa do dente de leite.

APOSTA

Para a geneticista da USP Lygia da Veiga Pereira, esse tipo de serviço ainda é uma "aposta sem garantias".

"Célula-tronco é uma expressão que vende. Há muitas pesquisas promissoras na área, mas isso não significa que elas vão necessariamente resultar em uma terapia com uso prático. Já vimos muita coisa que em laboratório parecia linda, mas, quando começou a ser usada na vida real, não deu em nada."

Segundo a cientista, o fato de uma técnica ter tido sucesso em um laboratório não significa que, necessariamente, outras semelhantes terão os mesmos resultados.

"Quando se trata de células, há muitas variáveis em jogo. Qualquer mudança no método, por menor que seja, pode representar uma alteração no resultado final", diz.

CAUTELA

Embora não tenha se pronunciado especificamente sobre o caso, o CFM (Conselho Federal de Medicina) já emitiu uma nota técnica recomendando que os médicos tenham "cautela na divulgação do uso de células-tronco em procedimentos estéticos".

A Sociedade Brasileira de Dermatologia indicou como porta-voz a médica Marisa Gonzaga, professora da Faculdade de Medicina do ABC, que é ligada à TechLife.

"Hoje ainda não há uma definição quanto a isso [as aplicações práticas], mas tudo indica que os resultados são excelentes", disse a médica, que participa da elaboração do estudo de validação dos fibroblastos no Brasil.


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