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Cientistas decifram mais antigo DNA indígena nos EUA

Resultados mostram que genes analisados estão presentes nos índios atuais e ajuda a explicar povoamento do continente americano

REINALDO JOSÉ LOPES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Há 12 mil anos, uma família de caçadores-coletores perdeu um bebê de um ano e meio de vida e o enterrou, onde hoje é o Estado americano de Montana. Talvez não fosse um grande consolo para eles, mas seus genes hoje estão presentes no DNA de boa parte dos habitantes nativos das Américas, entre os quais os índios brasileiros.

Essa é a principal conclusão do sequenciamento ("leitura") do genoma do bebê do sexo masculino, o mais antigo de um habitante do continente americano a ser totalmente decifrado. O estudo está na edição desta semana da revista científica "Nature".

As descobertas reforçam a ideia de que, no fim da última Era do Gelo, pioneiros vindos da Sibéria foram os primeiros seres humanos a pisar no continente, mas indicam que essa história ainda está cheia de detalhes complicados e difíceis de interpretar.

Em resumo, o que os pesquisadores fizeram foi comparar as "letras" químicas do DNA do bebê com as de 143 populações do mundo todo, entre elas tribos do Brasil, como os guaranis, caingangues e caritianas. A semelhança com os grupos indígenas atuais foi impressionante, declarou Willerslev em entrevista coletiva por telefone.

O curioso, no entanto, é que apesar de ter sido encontrado em Montana, perto da fronteira americana com o Canadá, o menino parece ter parentesco mais próximo com membros de tribos da América do Sul e Central. "Para ser honesto, acho que ainda não sabemos como explicar isso", afirma Eske Willerslev, da Universidade de Copenhague.

Os dados devem ajudar a sepultar uma hipótese aparentemente maluca, mas que ganhou adeptos entre os arqueólogos americanos: a de que o povo do bebê, membros da chamada cultura Clovis, descenderia de europeus da Idade do Gelo, os quais teriam atravessado o Atlântico para chegar à América do Norte.

Para os defensores da ideia, pistas arqueológicas sugeriam conexões culturais entre o complexo Clovis e os europeus da Idade da Pedra. Com a análise de DNA realizada, ficou bem mais difícil defender essa tese.


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