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Saúde + Ciência

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Bactérias em esponjas marinhas podem gerar novas drogas

Microrganismos têm grande capacidade de produzir substâncias bioquímicas naturais

RICARDO BONALUME NETO DE SÃO PAULO

Não é comum chamar micróbios de "talentosos", mas foi assim que os cientistas se referiram a um novo grupo de bactérias encontradas em esponjas marinhas.

As bactérias pertencem a um raro tipo, com grande material genético e extensa capacidade de produzir substâncias bioquímicas naturais.

O achado foi descrito por uma numerosa esquipe internacional, liderada por Joern Piel, do Instituto de Microbiologia do ETH de Zurique, Suíça. O estudo está descrito em edição recente da revista científica "Nature".

As bactérias do gênero Entotheonella foram associadas a uma espécie de esponja, a Theonella swinhoei. E elas têm o potencial de criar a próxima geração de muitas drogas antibióticas e anticâncer, como tem sido o caso de outras bactérias.

Os próximos anos podem ser o começo da era da "farmacologia marinha", como disse um dos comentadores do estudo, Marcel Jaspars, da Universidade de Aberdeen, Reino Unido.

O que fazem bactérias e esponjas conviverem juntas?

"O benefício para a bactéria nessa simbiose é provavelmente a provisão de um habitat rico em nutrientes em contraste com a água do mar. Para a esponja, tem sido mostrado no caso de outras espécies que as bactérias servem de defesa química contra predação ou crescimento excessivo", disse Piel à Folha.

E, de fato, uma das substâncias encontradas é semelhante a uma também produzida por bactérias, mas aquelas presentes em certos besouros --e que servem de proteção aos insetos.

"Esponjas são os mais antigos animais multicelulares. Creio que algumas bactérias coevoluíram com esponjas para o benefício de ambas", disse Jaspars.

Outro comentarista, Greg Challis, da Universidade de Warwick, Coventry, no Reino Unido, é entusiasta da produção de novas drogas a partir desses compostos naturais, mas lembra que é difícil produzi-los em grande quantidade para testes clínicos.

"Como eu mencionei no meu comentário", disse ele, "existem diferentes enfoques para a produção de compostos isolados de esponjas em quantidades suficientes. Um deles é a síntese química, e isso já levou ao desenvolvimento da halicondrina B, um composto isolado de esponja, na droga anticâncer eribulina, comercialmente conhecido como Halaven", acrescenta Challis.

"É difícil prever quanto tempo vai levar para produzir algo de uso clínico de uma esponja usando essa tecnologia, mas não há dúvida de que isso vai acontecer, conclui o pesquisador.


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