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Sangue jovem reverte efeitos da idade em roedores mais velhos

Estudos independentes indicam melhoras musculares e cerebrais significativas em camundongos idosos

Responsável é uma proteína abundante no sangue dos jovens; resultados ainda não são válidos para humanos

DE SÃO PAULO

Dois times independentes de cientistas divulgaram ontem trabalhos que chegaram a uma mesma conclusão: uma proteína abundante no sangue de roedores jovens consegue reverter alguns efeitos do envelhecimento no cérebro e nos músculos de animais idosos.

Os estudos ainda estão em estágio inicial e não se pode afirmar que o mesmo valha para seres humanos, mas os pesquisadores já falam abertamente em investigar essa possibilidade. Isso poderia levar ao desenvolvimento de terapias para doenças relacionadas ao envelhecimento, como o alzheimer.

Mesmo independentes, as investigações partiram de um mesmo pontoa, a parabiose, que une cirurgicamente os corpos de dois roedores, sendo um jovem e um velho. Os animais passam a ter um sistema circulatório comum.

Trabalhos anteriores já haviam indicado uma aparente melhora no organismo dos mais idosos "acoplados" aos jovens. Na época, porém, os cientistas não conseguiram identificar a razão.

Agora, os autores investigaram a fundo exatamente que componente do sangue dos jovens confere propriedades rejuvenescedoras no corpo dos bichos mais velhos.

Eles partiram então para uma análise minuciosa do sangue e dos corpos dos animais. E foi aí que a proteína GDF11 se destacou. Ela é muito abundante no sangue dos roedores novos, mas bem menos presente no dos indivíduos mais velhos.

Há tempos os cientistas sabem que as células-tronco têm papel crucial na recuperação de tecidos, uma capacidade que vai se perdendo com o envelhecimento. O problema, porém, não parece ser a morte de células-tronco nos idosos, mas sim a perda de "orientação" delas quanto aos sinais que indicam em que pontos exatamente agir.

A proteína GDF11 parece ter um papel importante nesse sentido.

Duas equipes independentes, mas de um mesmo instituto da Universidade Harvard, publicaram dois trabalhos distintos em edição online adiantada da "Science". Eles chamam a atenção para a melhora muscular e neuronal dos ratos mais velhos.

Já o grupo liderado por Saul Villeda, da Universidade da Califórnia, publicou seus achados na revista "Nature Medicine". Eles também indicaram melhorar cerebrais robustas.

INJEÇÃO

Em uma outra etapa das pesquisas, os dois grupos deram injeções com a proteína GDF11 a roedores idosos. Os cientistas também identificaram melhora nesses casos.

De uma maneira geral, os resultados semelhantes de dois grupos independentes deixaram a comunidade científica confiante de que esse é um caminho sólido.

Ainda assim, os especialistas pedem cautela. Embora a GDF11 também esteja presente em humanos, nada garante que ela vá se comportar da mesma maneira. Ou mesmo que seu uso seja seguro.

Tratamentos que envolvem lidar com células-tronco podem sair de controle com relativa facilidade.

"É bem possível que isso poderia aumentar dramaticamente a incidência de câncer", disse Irina Conboy, professora de bioengenharia da Universidade da Califórnia, ao "New York Times".


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