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Versões atualizadas dos regimes à base de proteína viram serviço à venda por empresas europeias que abriram suas portas por aqui neste ano

Luciana Whitaker/Folhapress
Luís Henrique de Oliveira, 49, que perdeu 12 kg em um mês, se exercita na zona sul do Rio
Luís Henrique de Oliveira, 49, que perdeu 12 kg em um mês, se exercita na zona sul do Rio
DÉBORA MISMETTI EDITORA-ASSISTENTE DE "CIÊNCIA+SAÚDE"

Um mês substituindo quase todas as refeições por alimentos em pó saídos de um sachê mudou para pior o humor do carioca Luís Henrique Barcellos de Oliveira, 49. Mas agora, três meses depois, com 14 kg a menos, o empresário acredita que o sacrifício teve uma boa recompensa.

Oliveira é um dos clientes de um novo serviço pago de dieta que desembarcou há quatro meses no país, chamado Pronokal. A empresa, criada na Espanha, baseia seu método na substituição temporária das refeições por alimentos proteicos preparados com água a partir de um pó.

Além dessa, a francesa Dieta Dukan chegou também por aqui em sua forma de empresa. Antes, o método criado pelo médico Pierre Dukan já estava presente por meio do livro "Eu Não Consigo Emagrecer" (Ed. Best Seller, R$ 29,90, 308 págs.), que ganhou nova edição no país neste ano e ficou famoso ao ser ligado ao nome da agora duquesa Kate Middleton -ela teria recorrido a Dukan para perder peso antes do casamento com o príncipe William, em 2011.

Ambos os métodos prometem perda rápida de peso por meio de versões atualizadas da velha dieta das proteínas.

O Pronokal foi criado em 2003 e está presente em 11 países. Os sachês de alimentos proteicos em pó, que custam cerca de R$ 8 cada um, devem ser receitados aos pacientes por um médico -o consumidor não pode comprar o produto por conta própria.

Até agora, 120 profissionais do Rio foram credenciados pela empresa, trabalho coordenado por Isabela Bussade, professora de pós-graduação em endocrinologia na PUC do Rio.

A médica explica que a ingestão dos alimentos proteicos de baixa caloria e baixo carboidrato leva o paciente a um processo de cetose, isto é, ele passa a obter energia por meio da quebra da gordura em vez da glicose.

Isso pode causar dor de cabeça e mau hálito. Também não é para qualquer um: o método é contraindicado para diabéticos tipo 1, hipertensos e infartados.

A ideia de usar alimentos do sachê (que misturados com água e cozidos viram panquecas, pães, bolos, omeletes), diz Bussade, é permitir uma alimentação à base de proteínas sem sair do cardápio normal. "Comer um bife de manhã não é normal. Uma panqueca, um pão, sim. Só que tudo é proteico."

O sabor tem seus altos e baixos. Luís Henrique de Oliveira gostou das panquecas e omeletes, mas não aprovou o sabor das sobremesas.

"Fui rebelde e passei a acrescentar adoçante aos bolinhos. O sabor era pouco doce para o meu gosto."

Em média, diz Bussade, o paciente fica três meses consumindo os sachês. No início, todas as refeições são feitas a partir dos preparados, com a adição de saladas e algumas verduras e, com o passar do tempo, o usuário pode incluir cada vez mais alimentos frescos no cardápio.

"Cansa? Com certeza. Mas a pessoa precisa partir do princípio de que a obesidade é uma doença e essa é uma opção de tratamento."

O objetivo é promover uma perda rápida de peso, que motive o obeso a se manter na dieta, e tirar proveito da saciedade trazida pelo alto consumo de proteínas.

O mesmo efeito é anunciado pelo método Dukan, vendido por meio do site www.dietadukan.com.br.

Por uma taxa que varia de acordo com o peso a ser perdido (cerca de R$ 250 para quem quer emagrecer 10 kg), o usuário recebe orientações diárias por e-mail e deve relatar seu progresso também periodicamente.

Assim como o método Pronokal, o Dukan é feito em fases. Na primeira, o candidato a ex-obeso deve se ater ao consumo exclusivo de proteínas com baixo teor de gordura -mas, no caso da dieta francesa, usam-se alimentos comuns. Essa primeira fase leva de um a dez dias, dependendo do peso a ser perdido. Depois, é preciso intercalar dias de consumo de proteínas e legumes com os dias só de proteína. Ao longo do tempo, frutas e carboidratos vão voltando ao cardápio, mas sempre é preciso manter um dia só de proteínas por semana por tempo indeterminado.

"Foi um grande sofrimento abandonar o pão. Uma privação. Mas eu tinha ficado por anos com 106 kg, então o pãozinho vai me esperar", afirma o gerente de tecnologia Luiz Carlos Segundo, 65.

Ele começou a dieta em agosto por meio do site da Dieta Dukan e está com 92 kg.

Os bons resultados obtidos por Oliveira e Segundo não surpreendem o nutrólogo Celso Cukier, do Instituto de Metabologia e Nutrição.

"A curto prazo, qualquer restrição na dieta funciona", diz o médico. O problema é a manutenção. "As células de gordura, na dieta, perdem seu conteúdo. Quando a pessoa retoma a alimentação normal, a célula volta a crescer muito rápido."

Segundo Cukier, planos comerciais de dieta em geral não se concentram na conscientização dos pacientes, ainda que consigam motivá-los com os resultados iniciais. "Vemos que só têm sucesso a longo prazo pessoas que entenderam a necessidade de mudança do estilo de vida."

O empresário Luís Henrique se diz consciente do desafio. "Magro come pouco. Se quero ser magro ou menos gordo, tenho que me adaptar a essa realidade."


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