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No interior do Ceará, dono de lan house é 'consultor de internet'

DANIEL CARVALHO ENVIADO ESPECIAL A JATI (CE)

Desde que a internet banda larga chegou a Jati, no interior do Ceará, há cerca de cinco anos, já não há mais filas de espera nas portas das três lan houses do município, a 551 km de Fortaleza.

Mas nem todos na cidade têm acesso à internet, nem mesmo a computadores.

Quando precisa mandar e-mail, a técnica de enfermagem Andréa Leôncio, 40, tem duas opções: espera a amiga que mora na zona rural lhe emprestar o notebook e pega o sinal de internet wi-fi do vizinho ou vai até a lan house, no centro da cidade.

Ela pretende se mudar em breve para uma cidade maior e afirma que lá vai comprar computador e instalar internet. "Não vou ter mais meu vizinho nem minha amiga", disse, brincando.

Com pouca familiaridade com o computador, Andréa é ajudada pelo funcionário.

Na semana passada, ela precisou escanear um documento para enviar ao trabalho, no Piauí, e foi assistida durante quase 30 minutos.

Segundo o dono da lan house, Francisco Gomes, 34, seus clientes aparecem com questionamentos básicos, como dúvidas de digitação e de navegação pela rede.

No município há somente um provedor de banda larga. As outras duas opções de internet são via rádio, segundo Gomes. O serviço é instável.

O estudante Matheus Arruda, 17, costumava ir à lan house até três vezes por semana, mas a rotina mudou há cinco meses, quando a internet chegou à casa dele.

"Agora venho só quando a internet [de casa] está ruim", afirmou. Foi o que aconteceu semana passada, quando precisava pesquisar para um trabalho do curso preparatório para o Exército. Se antes de ter internet em casa gastava até R$ 50 por mês, agora o gasto não chega a R$ 5.

Com a queda no movimento, Gomes precisou ampliar o foco do negócio. Oferece serviço de fotocópia e vende todo tipo de bugiganga.