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Meu primeiro perfil

Cerca de 80% das crianças de até dois anos têm ao menos uma foto na web; especialista alerta para os riscos da superexposição

BRUNO FÁVERO DE SÃO PAULO

Benjamin, 2, ainda não anda com firmeza e, ao falar, mistura o português com o alemão, idioma nativo do pai. Mas, desde dezembro, já tem sua própria conta no Instagram --@BenjaminTheBaby-- com 34 imagens publicadas e 160 seguidores.

"Minha inspiração foi uma prima minha que fez um perfil para sua cachorra, a @TorradaLira, e fez muito sucesso", conta a mãe, a relações públicas Gisele Bailer, 30, que alimenta a conta com fotos do filho.

"O Benjamin é muito agitado e, por isso, sempre tiro fotos boas dele, então resolvi criar o perfil", diz.

A opção de fazer uma conta só para o filho, diz, foi para não encher de fotos as telas dos amigos.

"Acho um pouco chato gente que posta muita foto do filho no Facebook", conta.

Benjamin não está sozinho. Um estudo feito em dez países --inclusive o Brasil-- e divulgado em março pela empresa de segurança AVG constatou que 80% dos pais de crianças de até 2 anos já puseram pelo menos uma foto dos filhos na web.

E o compartilhamento começa cedo. Segundo levantamento feito no Reino Unido pelo site de fotos Posterista.co.uk, cerca de 57,9% dos bebês daquele país fazem sua primeira aparição na internet menos de uma hora depois de nascerem.

A primeira foto de Martim não foi parar na rede tão rápido, mas subiu no dia em que nasceu, há 5 meses. Autorizada pela mãe --a bióloga Nina Schubart, 24--, foi a obstetra quem publicou a imagem de estreia.

Três meses depois, também foi para o YouTube o vídeo de seu nascimento -- Nina, defensora do chamado parto humanizado, queria inspirar outras mães a adotarem o procedimento e deixou seu vídeo público.

Depois do nascimento, as publicações de fotos continuaram nas contas do Facebook dos pais.

"Eu sempre postei muita coisa sobre a minha vida, nunca me importei com isso", diz Nina. "Mas, depois que o Martim nasceu, passei a ter mais cuidado".

Para a professora Belinda Mandelbaum, do IP (Instituto de Psicologia) da USP, a exposição dos filhos não é necessariamente ruim, mas exige reflexão dos pais, porque pode impactar a formação das identidades dos filhos.

"A internet pode ser um bom canal para que familiares distantes acompanhem o desenvolvimento da criança, por exemplo, mas também pode ser usada para prática exibicionista, talvez até de competição entre os pais", diz a professora.

"É possível [que a exposição excessiva cause] uma insuflação do narcisismo da criança --é como se tudo o que ela faz fosse digno de registro pelos pais".

Além da formação dos bebês, a segurança é outra preocupação que também precisa ser levada em conta ao decidir o que deve ou não ser publicado nas redes sociais.


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