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Imprima sua casa

Engenhoca criada por engenheiro italiano promete permitir o uso de impressão 3D para erguer residências; plano de arquiteto holandês deve sair do papel em 2014

GABRIELA LONGMAN COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Será uma casa muito engraçada: suas paredes -embora não sejam propriamente paredes na acepção clássica da palavra- deverão ser impressas em módulos, graças a uma impressora 3D.

A técnica de construção, capaz de revolucionar o universo da engenharia nos próximos anos, vem sendo estudada por diferentes laboratórios europeus e norte-americanos de tecnologia industrial.

Mas uma experiência concreta, longe dos centros de pesquisa, está sendo levada a cabo pelo italiano Enrico Dini.

Até 2014, ele pretende dar a um arquiteto holandês, Janjaap Ruijssenaars, a possibilidade de imprimir o que chamou de Landscape House.

Projetada para um concurso em 2009, a casa apresenta uma forma especialmente desafiadora para as técnicas de construção tradicional.

"O desenho foi feito com inspiração na fita de Möbius (1790-1868), uma forma torcida, sem princípio nem fim. Pensando em como construí-la sem o risco do erro ou imprecisão na fundição manual, cheguei à pesquisa que Dini vinha desenvolvendo", contou Ruijssenaars à Folha.

A impressão, no entanto, ainda não garante 100% da estrutura -as seções serão impressas como cascas ocas e depois reforçadas com concreto.

Engenheiro formado pela Universidade de Pisa, Dini começou sua carreira na indústria de sapatos. Em 1994, quando ouviu falar pela primeira vez em impressão 3D, vislumbrou imprimir palmilhas, solas e saltos.

Foi só dez anos depois que mergulhou no assunto, já pensando no uso para construção em larga escala. Em 2005, desenvolveu e patenteou sua invenção, intitulada D-Shape.

"A tecnologia de construção está atrasada em relação à tecnologia de desenho", explica. "Um software de CAD 3D permite que arquitetos projetem com facilidade, mas os métodos de construção existentes não acompanharam essa evolução. A moldagem das formas fica sujeita a erros e imprecisões humanas, sem contar o custo elevado."

Apesar do otimismo de Dini, pairam dúvidas sobre a viabilidade da construção. Arquiteto consultado pela Folha, Gabriel Kogan (Studio MK27) mostra-se reticente.

"Não vejo como esse projeto, independentemente do uso de plotter [impressão], poderia ser feito. Do modo como está nas imagens, a estrutura nunca seria estável."

CONSTRUÇÃO EM SÉRIE

Se a construção tradicional utiliza cimento, concreto reforçado, tijolos e pedras, a D-Shape imprime quaisquer formas em até seis metros de altura num arenito artificial.

A partir de um modelo de CAD, a estrutura é impressa em camadas, tendo numa pasta inorgânica e na areia comum suas matérias-primas. O processo de solidificação dura 24 horas, e o resultado é um material rígido que, segundo o engenheiro, se assemelha ao mármore.

Dini vislumbra o uso da D-Shape na construção de pontos de ônibus, divisórias, escadas, equipamentos para parques de diversões e restauro de edifícios históricos, além de uma infinidade de outras aplicações.

Ele e o arquiteto se reúnem a fim de deixar a primeira Landscape House pronta em 2014. "Pela transparência e pelo desenho ousado acho-a perfeita para um prédio público, um museu ou instituto. Mas claro que eu também adoraria tê-la como minha casa", afirma Dini.

Negociações para receber a construção -que tem preço estimado entre 5 e 6 milhões de euros-, estão em curso na própria Holanda, na África do Sul e, veja só, no Brasil.

Por aqui, Ruijssenaars conta estar em contato com um estrangeiro casado com uma brasileira, proprietário de vasta extensão de terras. Consta que o edifício seria usado como galeria e centro de visitantes para um parque natural.


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