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On the road albanês
Paisagem dos Bálcãs recompensa repórter e marido que dirigiram por 140 km em estrada considerada superperigosa, com pista única e cheia de curvas
Pode-se viajar pela Albânia de trem, ônibus, táxi, van ou carro. Escolhemos (eu e meu marido) o último, que, ao lado do ônibus, é o melhor meio para conhecer o interior do país --dá para parar em praias, vilarejos remotos, castelos, lagos, igrejas, mesquitas, resorts e parques.
Íamos em direção à capital, Tirana, pela estrada E852 (veja mapa na pág. F6). Resolvemos não seguir conselho dos albaneses, que nos recomendaram ir de Elsaban a Durrës, na costa, por uma estrada mais tranquila, para então ir a Tirana. Essa sugestão seria 80 quilômetros mais longa.
Optamos pelo caminho mais curto --sem ter de ir até a costa--, mas sabíamos que estávamos embarcando em uma aventura. Só não sabíamos que seria digna de filme. O GPS não achava o destino e o mapa rodoviário nos deixou na mão algumas vezes.
Havíamos saído de Ohrid, cidade macedônica que divide o lago homônimo com a Albânia. Atravessar a fronteira foi fácil. Difícil foi começar a rota em território albanês sem saber ao certo, devido à ausência de placas, onde estávamos. No meio do "nada", a água e as bolachinhas que havíamos levado acabaram.
Todos famintos no carro (estávamos com nossas duas filhas), em uma viagem de 140 quilômetros que deveria levar duas horas, segundo o GPS, o Google e os palpiteiros de plantão, mas que, devido às condições das estradas, durou quase cinco horas.
Não era o caso de parar em um posto. Até porque não havia qualquer comércio por ali. Resolvemos continuar, acreditando no GPS. Encaramos a estrada montanha acima. Pista única de duplo sentido, sem acostamento, com carros em alta velocidade, cheia de curvas e sem proteção lateral. Íamos a 20 km/h.
De vez em quando, passávamos por pastores, cabras e vaquinhas. Vimos também muitos vendedores de algumas frutas desconhecidas, mas era impossível parar --a tal da pista única...
Fizemos o trajeto de Elbasan a Tirana, de 45 quilômetros, em mais de uma hora. Estávamos no alto de uma das montanhas dos Bálcãs, aquele verde todo, paredões de um lado, precipício do outro, nada além de alguns carros... O cenário era maravilhoso.
Foi ao mesmo tempo a estrada mais linda e mais amedrontadora que já pegamos. Pura emoção, com direito às paisagens mais belas.
PARA SABER ANTES
Para escrever esta reportagem, fui pesquisar sobre a estrada e descobri que a E852 recebe classificação máxima no site dangerousroads.org, que lista vias perigosas no mundo todo. (Paloma Varón)
