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Na casa do Drácula

Fortaleza do século 13 na Romênia é construção que mais aproxima o turista de Vlad Tepes, personagem histórico que inspirou o escritor irlandês Bram Stoker a escrever romance sobre vampiro

RODRIGO VARGAS COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NA ROMÊNIA

Terra natal de Vlad 3º, o príncipe cuja crueldade inspirou o escritor irlandês Bram Stoker a criar Drácula, o mais famoso vampiro de todos os tempos, a Romênia sempre deveu parte considerável de seus visitantes às lendas sobre a mítica região da Transilvânia e seus habitantes de caninos afiados.

Na capital, Bucareste, e em muitas cidades do interior do único país latino do Leste Europeu, qualquer possível referência à lenda de Vlad Tepes (alcunha que significa "O Empalador", em romeno), vale para atrair turistas interessados em sua lenda.

Algumas, como o castelo de Bran, meca do turismo vampiresco no país, são apenas um engodo para estrangeiros: o príncipe, que comandou por três vezes a província da Valáquia no século 15, jamais morou lá e não há registros de que tenha ao menos se hospedado no local.

Outras, como os marcos históricos de seu nascimento na cidade de Sighisoara (a 300 km de Bucareste), têm base histórica mais sólida.

Nenhuma, porém, oferece uma experiência tão marcante quanto as ruínas da fortaleza de Poenari, uma instalação militar que começou a ser erguida no século 13, mas que foi ampliada e reforçada no segundo reinado de Vlad 3º (1456-1462) para o combate à ameaça de invasão turca.

Chegar lá, porém, requer preparo físico: o único caminho é uma íngreme escadaria, 900 metros morro acima, por meio de 1.480 degraus.

NOS PASSOS DO VAMPIRO

Chamado de "o verdadeiro castelo de Drácula" por alguns guias de turismo locais, o lugar foi mais um posto avançado de observação e defesa, mas há muitas evidências de que foi palco de batalhas sangrentas e de alguns dos empalamentos que fizeram a fama do príncipe se espalhar mundo afora.

Foi ali, diz uma lenda local, que a primeira mulher de Vlad 3º cometeu suicídio, lançando-se de um precipício para não ser capturada pelos invasores. É, no entanto, um destino pouco visitado.

A fortaleza fica no condado de Arges, na cidade de Pitesti, a pouco mais de 180 km da capital. Chega-se lá por uma rodovia que atravessa pontos turísticos de grande relevância histórica, como Targoviste e Curtea de Arges (antigas capitais da Valáquia), além de vilas rurais.

A etapa rodoviária do caminho te deixa ao pé de um vale formado pelo rio Arges e que tem as montanhas Fagaras, as mais altas dos chamados Alpes Transilvânicos (a porção sul dos Cárpatos), a dominar o horizonte com seus cumes nevados.

Se o tempo estiver bom, basta olhar para o alto para ter uma noção do que está por vir. A 900 metros de altura, o cinza escuro das muralhas da antiga fortaleza se destaca em meio à vegetação fechada que, em meados de outubro, ganha tons outonais em vermelho, laranja e amarelo.

AVANTE

Construída na década de 1970, a escadaria tem uma primeira etapa bem íngreme, com cerca de 500 degraus. A lenda local diz que, a partir desse ponto, os visitantes começam a sofrer a influência dos espíritos dos guerreiros que por ali tombaram --mas pode ser apenas o cansaço.

Vencido esse ponto, o caminho segue em um zigue-zague menos desgastante, permitindo se prestar atenção ao cenário. Ao todo, são quase 40 minutos de subida.

Antes de visitar as ruínas (a fortaleza sofreu com abandono e terremotos), é preciso pagar o ingresso (5 lei, equivalente a R$ 3,55). O valor inclui os serviços de uma guia romena --que fala inglês.

O toque bizarro, embora divertido, é dado por uma pequena exposição que mostra uma forca, um machado usado para decapitações e três manequins "empalados", com sangue de mentira a escorrer pelas pernas. "Os empalados levavam até 48 horas para morrer", diz a guia.

Corredores de pedra, muros de dois metros de espessura e mirantes espetaculares, de onde se pode ver o serpentear da rodovia Transfagarasan, uma das mais perigosas no mundo, completam o cenário vampiresco. Em um espaço remanescente da primeira reforma empreendida por Vlad 3º, visitantes lançam moedas e fazem pedidos.

A beleza e a história fazem valer os degraus escalados. E também ajudam a esquecer que não há teleférico ou elevador para facilitar a descida. Para baixo, todo santo ajuda. Vampiro também?


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