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Foco

Para atrair ultrarricos, hotéis criam suítes de R$ 67 mil por dia

DO "NEW YORK TIMES"

Na maioria dos hotéis, o luxo é medido pela contagem de fios das roupas de cama (no mínimo 400, por favor) ou pela marca dos produtos do banheiro. E os hotéis entraram em uma corrida feroz para atender a esse minúsculo, porém altamente importante, nicho de mercado que dá atenção às etiquetas espalhadas pela suíte.

Um exemplo é a Jewel Suite do New York Palace, uma das duas suítes que o hotel instalou recentemente. O espaço de três andares e 450 m² --uma espécie de Versalhes em forma de cobertura-- parece uma caixinha de joias, mas equipada com elevador próprio e vista para o Empire State e o Chrysler Building.

O piso da entrada, no 53º andar, é de mármore negro. Um candelabro de cristal de seis metros de altura pende do teto. Uma cadeira acolchoada, de marfim, brilha como uma pérola. Dois pavimentos acima, em uma segunda sala de estar ao lado de um terraço privado, um bar e a entrada do lavabo ficam semiocultos pelo revestimento da parede, e um sofá angular, cor de lavanda, parece um cristal de ametista. Lajotas iridescentes pavimentam o telhado que abriga uma hidromassagem, que se afunda em meio ao piso.

E há as joias de verdade: mais de US$ 1 milhão (R$ 2,4 milhões) em trabalho de joalheria feito sob encomenda está em redomas de vidro.

Essa grandeza --ou excesso, a depender do seu ponto de vista-- está ao alcance de todos, pela diária inicial de US$ 25 mil (R$ 60 mil).

"Existe um mercado que deseja nada menos que isso", diz Scott Berman, da consultoria PricewaterhouseCoopers. "O preço não é questão. Estamos falando sobre o jet set' de todos os jet set'."

"Creio que as demais marcas estejam tentando não ficar para trás. Não querem ter o único hotel da área que não tem uma suíte especial para oferecer aos super-ricos", diz Pam Danziger, especialista em marketing de luxo.

Ela está certa. Em novembro, o Mandarin Oriental, em Nova York, inaugurou uma suíte de 300 m² com janelas do teto ao chão e uma sala de jantar para dez pessoas; a diária é de US$ 28 mil (R$ 67 mil).

O Loews Regency Hotel de Nova York foi reinaugurado neste mês após uma reforma de um ano e US$ 100 milhões (R$ 240 milhões), e abrirá seis suítes exclusivas, cada qual com um projeto diferente, em abril (as diárias ainda não foram anunciadas).

"Usar seis projetos diferentes significa que podemos criar uma sensação de luxo de seis maneiras distintas", diz Jonathan Tisch, presidente do conselho do Loews.

Essa tendência de suítes espetaculares têm antecedentes fora dos Estados Unidos.

Pam Danziger diz que a tendência surgiu em lugares como Cingapura, Londres e grandes cidades do Orien-te Médio. "Você descobre que as pessoas que ganharam dinheiro recentemente são as mais inclinadas a exibir esse excesso, e valorizam o consumo exagerado, ostensivo", ela afirma. "A sutileza não é apreciada", completa.

Nos EUA, essa corrida ao luxo demorou mais a começar. Após sofrer no período subsequente à recessão, os hotéis de luxo estão se recuperando e investindo em infraestrutura nova. Em dezembro, o Hilton Bentley Miami/South Beach, em Miami, lançou uma cobertura de 270 m².

O Ritz-Carlton de Dallas está para inaugurar uma suíte de 460 m², com três suítes e dois quartos, para hóspedes que viajam em comitiva. Espaços assim podem alojar a legião de babás, seguranças e outros assessores que os ultrarricos levam em viagens.

Os profissionais de hotelaria afirmam que essas suítes de altíssimo luxo atendem às necessidades dos bilionários, mas também conquistam a imaginação da classe média. Mesmo que jamais venham a poder pagar o preço de um carro por uma noite de hospedagem, alguns hóspedes gostam da sensação de conviver com esse nível de riqueza.


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