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Análise Cuba

País faz reformas sem perder controle político

Turista sente as medidas graduais de abertura econômica, tomadas para 'atualizar' modelo socialista da ilha

PATRÍCIA CAMPOS MELLO DE SÃO PAULO

Em uma manhã ensolarada de janeiro deste ano, a presidente Dilma Rousseff e o presidente cubano, Raúl Castro, se juntaram à nata do bolivarianismo para inaugurar o porto de Mariel, construção financiada com quase US$ 1 bilhão do BNDES.

Não se tratava meramente de cortar a fita das obras, a cerca de 45 quilômetros de Havana. O porto e os 465 quilômetros quadrados de seu entorno, a chamada zona especial de desenvolvimento de Mariel, simbolizam "a nova Cuba".

Mariel e o capital estrangeiro são a grande esperança de Raúl Castro para "atualizar" o modelo socialista da ilha --ou seja, reformar, sem perder o controle.

Para o turista que chega a Havana, as reformas que vêm abrindo gradualmente a economia da ilha já se fazem sentir aqui e ali.

Os carros dos anos 1950 continuam a circular, mas já há muitos compactos chineses rodando por Havana. Pequenos negócios próprios também florescem --os "cuentapropistas" já são mais de 450 mil, e incluem desde taxistas que não trabalham para o Estado até gente que aluga quartos e donos de "paladares", os famosos restaurantes familiares.

ABERTURA

Não há uma sensação de que o estilo de vida cubano, congelado desde a revolução de Fidel Castro em 1959, esteja prestes a desaparecer. Mas o clima de "liquidação últimas dias" está no ar.

Nos últimos três anos, Raúl implementou uma série de medidas para abrir a economia cubana.

A Assembleia Nacional autorizou a compra e venda de carros e eliminou a necessidade de autorizações de saída para os cubanos viajarem para o exterior --embora, nos dois casos, o preço continue sendo uma barreira quase intransponível, já que os cubanos ganham, em média, US$ 30 (R$ 66) por mês.

Em outubro do ano passado, o governo anunciou o início do programa que vai eliminar o câmbio duplo na ilha.

Há 20 anos, circulam duas moedas em Cuba --o peso cubano (CUP), usado no pagamento dos salários da população e na compra de produtos e serviços básicos; e o peso conversível (CUC), que vale cerca de 26 pesos cubanos.

Em março, foi aprovada a nova Lei de Investimentos Estrangeiros em Cuba, que tem como objetivo facilitar a entrada de capitais estrangeiros na ilha, com incentivos fiscais, e abrir setores antes restritos ao controle estatal.

SOB CONTROLE

Os irmãos Castro sabem que as reformas são inexoráveis. Precisam de capital estrangeiro para substituir importações e melhorar a infraestrutura da ilha. E se preparam para perder os tão necessários subsídios de Caracas, por causa da crise econômica venezuelana.

Mas, nos moldes chineses, o governo tenta manter a abertura estritamente sob controle, sem concessões em direitos humanos ou liberalização política.

"Em Cuba não haverá uma reforma política, estamos falando da atualização do modelo econômico cubano, que faça nosso socialismo sustentável", disse Marino Murillo, diretor de política econômica do 6° Congresso do Partido Comunista de Cuba.


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