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Depoimento
Por um momento, relutei em entrar no carro
Ia perder uma festa na Espanha quando descobri um site de carona; economizei R$ 285
Passava das 5h de um dia de abril e, do banco do carona de um engenheiro cubano que eu acabara de conhecer, via uma placa que me indicava estar a 360 km de Madri. No banco de trás do carro, dormiam três venezuelanos.
A experiência já não me parecia estranha, mas jamais havia pensado em passar por ela até dois dias antes. Na data, queria ir às Fallas, uma famosa festa da Espanha.
Como eu trabalharia até mais tarde na sexta, perderia a carona de amigos. Já não havia trens disponíveis antes do começo da festa, no sábado, às 14h. "Ué, trem? Por que você não usou o Blablacar?"
A resposta, para a minha amiga, já era óbvia. Em seu escritório, me contou, ninguém mais viajava de ônibus ou nos trens de alta velocidade.
Há aproximadamente um ano, eles só usavam o tal do "ride sharing" (compartilhamento de carona).
Acessei, então, o site, criei meu perfil, que pouco depois foi aprovado e, em minutos, reservei uma viagem.
Por celular, combinei com o motorista --cujo perfil revisei e aprovei pelos ótimos comentários-- um ponto de encontro, ao lado da minha casa, às 8h de sábado.
Às 8h15, ele chegou ao local combinado acompanhado de outro homem. Por alguns segundos, relutei em entrar no carro, mas já havia enviado todos os dados dele a amigos e confiei na missão.
Tratava-se, para meu alívio, de um casal gay de galegos, superinteressados no Brasil. Fizemos uma parada de 20 minutos. Naquele ponto, fiz o pagamento: € 20 (R$ 60), € 50 (R$ 150) a menos do que pagaria no trem.
A volta, que me custou € 25 (R$ 75), foi mais arriscada: de madrugada, logo após a festa e com mais pessoas no carro. Mais uma vez, porém, os comentários sobre o motorista me passaram segurança. Três horas depois e € 95 (R$ 285) a menos gastos, estava de volta em casa.
