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Na mansidão do Tapajós

Passeios de barco para ver o pôr do sol, que, com sorte, podem ter a participação de golfinhos, e visitas a igarapés estão entre as 'atividades' em Alter do Chão

ANTONELLA KANN COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO PARÁ

É fundamental acordar bem cedinho em Alter do Chão e aproveitar para se mexer antes que o sol vire um maçarico. A claridade das 6h30 já permite começar a programação com uma bucólica caminhada na praia deserta, em direção ao píer, burlando os primeiros raios e aproveitando para dar um mergulho nas águas tépidas.

Sem vento, o rio Tapajós fica tão liso que parece um tapete translúcido, no qual as nuvens conseguem se refletir com nitidez, criando um curioso efeito visual.

Também a essa hora as ruas ainda estão vazias, favorecendo explorar a pé alguns recantos por detrás da vila, em vias não pavimentadas, lá onde ficam as casas de veraneio, em meio à vegetação nativa --e à sombra.

Deixe para tomar o café na sua pousada depois dessas andanças para, em seguida, descer novamente até a beira do rio, dessa vez para escolher qual é o passeio de barco que se encaixa melhor no seu perfil e no seu tempo.

Em Alter, é só chegar até a areia para notar que há vários tipos de embarcações às margens do rio. Além das enormes "gaiolas", que fazem excursões pela região e organizam pacotes para o centro de Santarém, você vai ver lanchas de alumínio, canoas, bajaras e catraias.

As duas últimas são típicas da região. A primeira, com motor e potencial para levar passageiros aos igarapés (canais navegáveis entre ilhas fluviais ou entre ilha e terra firme) e às praias vizinhas; movida a remo, a segunda se presta a fazer a microtravessia entre o continente e a disputada praia do Amor.

Trata-se de uma ilhota que se transformou no cartão-postal de Alter, mas que fica inteiramente submersa entre fevereiro e junho, quando as chuvas costumam castigar a bacia Amazônica e o nível do rio Tapajós sobe demais. Nessa época, a paisagem da vila é outra, quase irreconhecível.

Logo você vai observar como também foi implantada a organização entre os chamados catraieiros e barqueiros em geral. Para atender ao turismo --que representa 80% da renda deles--, foram criadas diversas associações entre as comunidades locais, apoiadas por ONGs e sem vínculo político, proposta bem-sucedida em Alter.

O preço de R$ 5 (que desce para R$ 4 quando as águas baixam de patamar) para transportar quatro pessoas até a outra margem é aplicado com hegemonia, e cada catraieiro aguarda a sua vez.

O sistema flui e, por sua vez, o visitante não se sente pressionado e sequer explorado. E, pasme: esses profissionais não aceitam gorjeta!

A maioria das pessoas que chega a Alter do Chão acaba passando o dia "lagartixando" numa espreguiçadeira na praia do Amor, deitada em redes na sombra das barracas ou de molho na água, sentada em cadeiras de plástico.

PÔR DO SOL

Mas é um pecado viajar para um destino tão exótico e não aproveitar o leque de atrativos que só pode ser desvendado de barco --tem quem fique hospedado nas embarcações maiores.

Caso você chegue à vila no fim da tarde, agende um passeio para admirar o pôr do sol, evento que é levado a sério nessas redondezas.

Vá de lancha ou embarque numa bajara e, em cerca de meia hora, você vai estar pisando num banco de areia chamado ponta do Cururu, onde o "grand finale" são os últimos raios de sol derretendo no horizonte enquanto alguns botos fazem peripécias a poucos metros da areia.

Na volta, aproveite para já deixar agendado, com o mesmo barqueiro, o passeio da manhã seguinte. Dessa forma, você vai ter o dia inteiro para aproveitar.

O itinerário deve incluir o igarapé do Macaco. Com a embarcação, chega-se a uma "piscina" gelada e translúcida, com água que bate na cintura, ideal para dar umas braçadas e fugir dos mosquitos.

Toda a área é banhada por vegetação endêmica. Segundo o guia, ali dá muito tucunaré e tambaqui, peixes tipicamente amazonenses.

Em seguida, é hora de conhecer a ponta do Muretá e a do Caxambu, onde as paradas estratégicas são para se refrescar no rio, já nem tão transparente. Tome cuidado com a correnteza.

Depois, vale um desvio para conhecer o lago Jucuruir, antes de reabastecer as energias com uma cervejinha, um coco ou uma caipirinha e um peixe em um dos restaurantes que se encravaram ao longo das margens do Tapajós.

Os estabelecimentos oferecem um serviço de praia "sui generis": pelo celular, você liga para um dos números que estão marcados numa folha grudada na estrutura superior da barraca e faz o pedido; assim, poupa tempo e não queima o pé.

Explicação: as cadeiras, mesas e espreguiçadeiras, ficam literalmente dentro d'água, e a cozinha, digamos, mais distante. E, a esta altura, como já passa das 12h, os atendentes enfrentam o sol para servir os turistas.

No Pará, as temperaturas são altas e todo cuidado é pouco. Chapéu e protetor são imprescindíveis. É também por isso que o barqueiro evita navegar nessa hora e espera amenizar a quentura.

O roteiro segue até o pequeno igarapé de Iruçanga, no qual penetramos a pé até chegar ao poço de água gélida, onde dá para mergulhar --a esta altura da tarde escaldante, é uma sensação refrescante


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