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Viagem na maior linha de ônibus é aula sobre biomas brasileiros

Na partida, no Sul, temperatura externa é de 13°C; em Minas Gerais, termômetro marca 31°C

Medo de voar é uma das razões que levam viajantes a escolher bilhete rodoviário, em certos casos, mais caro

MARIANA BOMFIM COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PELOTAS A FORTALEZA

Do Sul ao Nordeste, a paisagem emoldurada pela janela do ônibus na linha rodoviária mais longa do país muda lentamente. É como assistir a uma aula prática sobre os biomas brasileiros, dos pampas e da mata atlântica ao cerrado e à caatinga.

Os 13°C marcados pelo termômetro na rodoviária de Pelotas (RS) sobem lentamente e, quando a BR-116 atravessa uma série de cidades mineiras pequenas e parecidas, como São João do Manhuaçu e Santa Rita de Minas, um mostrador dentro do ônibus informa que a temperatura externa está na casa dos 31°C.

Por causa do ar-condicionado no interior do veículo, os passageiros só sentem o calor nas breves paradas de 30 minutos que, em geral, ocorrem a cada três horas.

Durante a parada para o almoço de sábado, em Governador Valadares (MG), Irandir Barbosa de Moura, 64, conta que pegou a linha em Itajaí (SC) para descer em Icó (CE). Depois, seguirá para sua cidade, Lavras de Mangabeira, a 70 km da parada do ônibus.

Viajando com a mulher, a professora Elza Barbosa de Moura, 60, o pedreiro retorna de uma visita de quase um mês aos seis filhos, que moram na cidade catarinense. "O ônibus é muito cansativo", diz. "Prefiro avião, mas minha mulher tem medo."

O medo de voar, aliás, é, ao lado de questões como a ausência de limite de bagagem e a possibilidade de viajar de graça, um dos motivos que explicam por que há quem prefira passar dias na estrada, em vez de horas no ar.

Do ponto de vista financeiro, o avião é mais vantajoso. Com três semanas de antecedência, é possível comprar, por exemplo, uma passagem de Navegantes (SC), a 3 km de Itajaí, a Juazeiro do Norte (CE), onde está o aeroporto mais próximo de Icó, por R$ 521. São seis horas de voo. A passagem de ônibus de Itajaí a Icó custa R$ 566,30. E quase 60 horas de estrada.

PASSAGEIRO ESPECIAL

No caso da aposentada Raimunda Sousa Régis, 60, o ônibus foi escolhido porque ela tem a Carteira do Idoso, que dá descontos ou gratuidade no transporte coletivo interestadual a quem tem 60 anos ou mais e renda inferior a dois salários mínimos.

Em cada veículo, são reservadas duas vagas para quem tem o benefício e, nesta viagem, Raimunda é uma delas.

Nascida em Petrolina (PE), ela mora em Curitiba (PR) há 40 anos e espera encontrar uma grande festa quando desembarcar em sua cidade natal. "Faz 24 anos que não volto pra lá", diz. "A família inteira está me esperando."

O casal Fernanda, 42, e José Schwartzhaupt, 41, mora em em Alvorada (RS) e tem o Passe Livre, benefício do governo federal que dá direito à gratuidade em ônibus interestaduais para portadores de deficiência que tenham renda familiar per capita de até um salário mínimo mensal (ele não tem uma perna e ela tem restrição de mobilidade de um lado do corpo).

Com pouco tempo de férias, o passeio será bem curto. Planejam ficar só três dias em Fortaleza e voltar. "Estamos passando a maior parte das férias dentro do ônibus", afirma José.


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