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Turismo

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Equipe da travessia inclui guia e carregador de apoio

Condutores na chapada podem ter telefone via satélite e um kit de socorros

Dependendo do pacote, turistas levam consigo somente a mochila; os demais itens seguem na frente com o carregador

DO ENVIADO À CHAPADA DIAMANTINA

Era só sair dos eixos que o pai logo avisava: "Hoje, vão ser 20 bolos". Nem era guloseima. O aviso se referia a quantidade disparada pela palmatória nas mãos de Manoel Messias de Jesus Filho.

Para escapar das palmadas, o menino procurava refúgio na extensão da chapada. Descalço, corria para o mato. Pegou gosto.

Aos 15 anos, tornou-se voluntário, com um grupo de amigos de Palmeiras, no combate a incêndios, que ainda hoje insistem em destruir plantas e bichos -a maior parte deles é criminosa.

O rapaz encabeça um movimento para cuidar do lixo, tão volumoso quanto os turistas, o GAP (Grupo Ambientalista de Palmeiras).

Tea, como é conhecido, ainda é guia. Carrega consigo o lanche (sanduíches, chocolate, biscoitos, frutas e suco) que é servido durante os intervalos nas trilhas.

Leva também um kit de primeiros socorros e um telefone via satélite para, caso necessite, acionar a "mulância" (numa emergência, são as mulas que poderão te ajudar a sair do meio do mato).

Tea também ensina o visitante a usar o "sanimato". Funciona assim: o número 1 deve ser feito a uma distância de 200 m de rios e nascentes; idem para o 2, que precisa ser enterrado a 20 cm de profundidade.

É crítico feroz ao desmatamento. Não poupa o avanço de cercas de arame, que "demarcam" terras dentro do parque nacional. "Os moradores precisam aprender que se devastarem vão afugentar os turistas e acabar com a economia daqui", diz.

Antes do início da caminhada por dentro do parque, o visitante recebe um "saco" com capacidade para 25 litros. Nele vai somente o necessário para os cinco dias de travessia. A mala segue para a pousada onde você irá se hospedar no final do trekking.

Aí, entra em cena o carregador de apoio. É ele quem levará suas coisas (consulte se seu pacote inclui o serviço).

Chegará sempre antes de você e do guia nas casas de apoio. Avisará os moradores locais do número de turistas que está a caminho e deixará suas coisas sobre a cama, no quarto onde você irá dormir.

Nas trilhas, o turista carrega só a mochila de ataque com protetor solar, capa de chuva, máquina fotográfica.

Valterlício Soares Melo, o Piaba, trabalha como guia há 16 anos e era o carregador de apoio que fazia dupla com Tea. Os dois são radicalmente contra o uso de mulas para transportar pertences de turistas, medida adotada por algumas agências locais.

Os bichos, dizem, interferem no ecossistema. Os animais já são amplamente usados pelos nativos para carregar da cidade às moradas todo o material para as refeições dos turistas, de botijão de gás a refrigerante e cerveja.

"Muitos bichinhos despencam nesses desfiladeiros, se machucam 'todinho'", diz Piaba. A contratação de guias é uma maneira de gerar renda nas comunidades locais.

Amigos de infância, Tea e Piaba, além de trabalharem com turistas, atuam em defesa do parque. São "olheiros" que denunciam invasões, obras irregulares e desmatamentos promovidos, muitas vezes, pelos próprios nativos.

Espertos, andam de olhos abertos, atentos aos bichos, inclusive cobras, e recolhendo lixo "esquecido" pelas trilhas. (ROBERTO DE OLIVEIRA)


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