Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Veículos

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Os quatro sentidos

Para fabricantes, experiências sensoriais são tão importantes quanto os motores dos carros

DE SÃO PAULO

Fabricantes de carros não investem só em mecânica. Para fidelizar os clientes em um mercado cada vez mais competitivo, as marcas buscam estabelecer experiências sensoriais agradáveis aos usuários.

"A percepção de qualidade do produto vai além da performance, ela vem principalmente dos sentidos. Daí a importância da maciez dos bancos, do cheiro agradável da cabine e da aparência das peças", diz Fabien Darche, gerente de estilo e materiais da Citroën.

Na AMG, divisão de esportivos da Mercedes, até o ronco dos motores são trabalhados - um "maestro" cuida da afinação. O objetivo é deixar os bólidos da empresa com um som personalizado e vigoroso, que seja diferente do barulho emitido pelos concorrentes.

"Os sentidos são uma espécie de porta pela qual as informações são captadas para compor nossa memória", diz o professor Martin Cammarota, especialista em comportamento humano.

-

VISÃO

Um dos laboratórios mais secretos dentro das montadoras, o estúdio de design costuma promover reuniões com projetistas, fornecedores e até mesmo potenciais clientes para definir o estilo de produtos futuros.

Geralmente, esse processo acontece em um intervalo de dois a quatro anos antes do lançamento do carro.

Pesquisas de fabricantes apontam que o desenho ainda é o principal fator motivador da compra de um automóvel.

"Carros populares são os mais desafiadores. Superfícies refinadas, com excesso de detalhes, esbarram no custo de produção", conta Casey Hyun, projetista do Hyundai HB20.

AUDIÇÃO

O nível de ruído está ligado à sensação de conforto na cabine. O painel em peça única e as mantas de isolamento sob o carpete ajudam a diminuir o ruído interno. As montadoras escalonam os limites de acordo com a categoria do automóvel. Quanto mais luxuoso, mais silencioso.

Esportivos, por exemplo, nasceram para fazer barulho. Fabricantes como Mercedes e Ferrari possuem profissionais que afinam o som de seus motores.

Um caso marcante ocorreu no final dos anos 1990, quando a Porsche precisou trocar o sistema de refrigeração a ar da linha 911 por um arrefecido a água. Todo o escapamento foi reprojetado para que o "rugido" característico do cupê permanecesse.

Já no novo Audi S7, um botão aumenta ou diminui a interferência do som do motor na cabine. Os alto-falantes do sistema de som são usados para equalizar as frequências.

TATO

Hoje a maioria dos carros é global. No entanto, eles passam por adaptações para se enquadrar ao gosto do mercado ao qual se destinam.

O consumidor brasileiro, por exemplo, prefere cabines em tons mais escuros e bancos com revestimento sedoso. Já o chinês gosta de tons claros e peças cromadas.

Consumidores de todos os mercados gostam de tatear os veículos para avaliar as texturas antes de fechar negócio. É por isso que os materiais são exaustivamente trabalhados pelas montadoras e, depois, têm suas características salientadas pelos vendedores.

"Para desenvolver a trama que caracteriza a superfície do painel do novo EcoSport, visitamos muitas lojas de cortinas e carpetes em busca de inspiração", revela Adília da Conceição Afonso, supervisora de cores e de acabamento da Ford.

OLFATO

A rotina dos especialistas em aromas automotivos é bastante rígida. Os profissionais têm de tomar diversos cuidados para que fatores externos não interfiram na percepção dos odores.

"Não bebo café durante o expediente, não uso perfume e nem chupo balas de hortelã antes de inspecionar os carros. Também preciso ser vacinada contra gripe todos os anos", conta Maria de Lourdes, osmóloga da Volkswagen.

Se o odor exalado na cabine do carro provoca algum incômodo, o interior é reformulado.

"Aquecemos as peças para fazer os testes, pois é no calor que os aromas dos automóveis são acentuados", diz a especialista em aromas.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página