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DENIS CISMA denis@cisma.com.br

Fleetline e as vinte noivas

Ele presta esse serviço de coração; nunca cobrou um centavo, nem mesmo a gasolina

Existem carros que estão na família há mais tempo que alguns parentes. Os casamentos do primo, da cunhada ou do sobrinho vão somando nomes para decorar e mais rostos que se tornam, de verdade, familiares.

Mas quem chega depois deve respeitar os mais antigos. E o Chevrolet Fleetline 1951 de duas portas de Durval Pacheco merece todo respeito.

Seu pai o comprou em 1955 e, desde então, faz parte da família. Ficou parado por 25 anos, após o falecimento do patriarca, hibernando em um galpão numa chácara em Itapevi.

Ninguém na família tinha coragem de vender o Chevrolet Fleetline. Até que, por influência dos filhos de Pacheco, resolveram restaurá-lo.

Trabalharam no carro por dois anos, e o Fleetline virou o xodó da família inteira. Durval, também amante de carros antigos, é o natural e felizardo herdeiro do automóvel.

Pacheco costuma viajar com o carro. Por onde anda, chama muita atenção. E sempre acontecem três coisas a que todo antigomobilista está bem acostumado: chamarem o carro de relíquia (o que de fato é, e de família), tentarem adivinhar o ano (que é mais chute do que conhecimento automobilístico) ou, o mais irritante, perguntarem o preço. É como se desfrutar do carro fosse o mesmo que expô-lo à venda.

Com Pacheco aconteceu ainda a quarta opção, que é quando um outro motorista vira tanto o pescoço que acaba batendo na traseira do carro à frente. Pacheco teve que interromper viagem e parar para socorrê-lo.

Como mora na mesma rua há mais de 40 anos, e apesar de ser advogado, Pacheco é conhecido no bairro como chofer de noiva. Ele presta esse serviço de coração. Nunca cobrou um centavo, nem mesmo a gasolina. A única coisa que pede em troca é a foto do carro com a noiva para colocar em sua garagem.

São vinte fotos até agora. Vinte histórias de novas famílias e mais uma, única: a do Pacheco com o Fleetline 1951.


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