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Após virar celebridade, táxi elétrico está com o futuro ameaçado

Projeto-piloto completou um ano e meio, mas carro 'verde' ainda paga o maior IPI

FELIPE NÓBREGA DE SÃO PAULO

Cedidos há um ano e meio para divulgar a nova tecnologia, os dez táxis elétricos da capital paulista estão cumprindo muito bem o papel de garoto-propaganda: até viraram celebridades no trânsito.

Mas tendem a desaparecer "da praça" em breve, segundo Ricardo Auriemma, presidente da Adetax-SP (associação das empresas de táxis).

O projeto-piloto se encerrará em mais um ano e meio e os veículos precisarão ser devolvidos ao fabricante.

"Se, até lá, o governo federal não criar uma política que contemple e incentive os carros verdes' [que podem rodar sem poluir], dificilmente algum taxista conseguirá comprar um carro desses para trabalhar", diz Auriemma.

Hoje, por não ter classificação específica, o carro elétrico entra no grupo dos automóveis mais potentes (com motor acima de 2,0 litros) e paga 25% de IPI sobre seu preço-- cerca de três vezes mais que o dos 1.0 flex.

Assim, um Nissan Leaf como o usado pelos taxistas custaria mais de R$ 200 mil. Nos EUA, o elétrico mais vendido do mundo sai pelo equivalente a R$ 50 mil.

Esse é um dos motivos pelos quais nenhuma montadora iniciou ainda a comercialização de elétricos no país, salvo algumas unidades entregues para empresas em caráter experimental.

Uma grande frota também exigiria uma rede de postos de recarga. A Eletropaulo instalou cinco deles pela cidade para atender os taxistas do programa, como Alberto de Jesus, 53.

"As baterias permitem autonomia de aproximadamente 120 km e sempre preciso parar uma ou duas vezes no dia para recarregá-las. Cada abastecimento demora 30 minutos", calcula o pioneiro, que costuma negar corridas longas.

"Interessante é que muitos pegam o táxi só para tirar fotos ou conhecer a tecnologia. Teve um que me pagou para rodar com ele o dia inteiro. Tive de mostrar o carro para todos os amigos do cliente."

CHOQUE

O Leaf não faz barulho e tem painel de nave espacial. Nele, os ocupantes conseguem acompanhar as interações eletrônicas entre o motor e as baterias. Toda vez que o pedal do freio é acionado, por exemplo, a autonomia aumenta --um sistema transforma o calor dissipado nessa situação em energia.

Tanta tecnologia também assusta alguns passageiros. "Teve um ocupante que avistou uma poça de água na rua e ficou apavorado, achando que, se o veículo fosse molhado, poderia dar choque", gargalha o taxista, que passa o dia propagando a tecnologia.

Jesus não gosta de pensar no dia em que precisará trocar o Leaf por um carro flex. Relatório dos taxistas apontam que o custo para rodar com energia elétrica é ao menos 50% menor.


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