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FAROL ALTO
EDUARDO SODRÉ eduardo.sodre@grupofolha.com.br
Terra de gigantes
Picapes grandes são caras e demandam menores mudanças entre gerações; por isso, são mais rentáveis
A importância da Ford F-150 para os Estados Unidos é maior que seus cerca de seis metros de comprimento fazem supor. Constatei isso diante do alarde feito na apresentação da linha 2015 no Salão de Detroit deste ano.
O utilitário é um dos símbolos da indústria automotiva naquele país, e também o veículo mais vendido por lá. Sua fábrica principal, localizada na cidade de Dearborn (Michigan), oferece visita guiada com direito a sessões de cinema contando a história da marca.
Nada disso atrapalha a linha de montagem, que entrega uma unidade pronta a cada minuto. Os visitantes passeiam por plataformas suspensas. Dá para assistir aos operários trabalhando. No horário de descanso, eles até acenam para o público. Todos fazem parte do show, e parecem ter orgulho disso.
Essa Disneylândia automotiva dá um ar lúdico ao mundo de faíscas e calor que é uma grande fábrica de carros, mas não esconde o principal motivo de tudo: as fabricantes dos Estados Unidos mantêm-se rentáveis graças a esses caminhões de quase três toneladas.
De acordo com executivos do setor automotivo naquele país, empresas consideradas exemplos de rentabilidade devem apresentar margem operacional de, ao menos, 8%. Grosso modo, significa que um carro que custe o equivalente a R$ 50 mil deva render R$ 4 mil de lucro para a montadora.
Contudo, raramente as marcas conseguem obter essa rentabilidade nos segmentos de automóveis médios e compactos. Para compensar, existem as picapes grandes.
Fabricantes não gostam de falar de números, mas utilitários grandes custam mais e demandam menores mudanças de uma geração para outra. Com isso, conseguem ser mais lucrativos para as marcas, com ganho superior a 15% em algumas versões. Portanto, os norte-americanos não têm com o que se preocupar: seus carros preferidos resistirão por longos anos no mercado.