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Dois cavalos na ponte

Sem rádio e com o teto de lona aberto, tudo o que ouvíamos era o barulho do pequeno motor refrigerado a ar

EM PLENO Rio 40 graus, o administrador Marcelo Macedo, 53, me deu uma carona no seu Citroën 2CV 1964.

O teto solar de lona estava aberto, e fazia um sol de arder.

Sem rádio, tudo o que ouvíamos era o barulho do pequeno motor refrigerado a ar de 425 cm³.

O nome 2CV, ou "deux chevaux" (dois cavalos, em francês), não era referente a sua potência, mas, sim, a fórmula matemática que calculava, a partir da cilindrada, a carga tributária do veículo.

O motor dessa versão tinha, na verdade, 18 cv. Pode parecer ínfimo hoje, mas com o baixíssimo peso do carro (560 quilos), conseguimos atingir 80 km/h na ponte Rio-Niterói.

O cenário era tão belo --e as formas do carro combinavam tanto com a silhueta do Pão de Açúcar-- que paramos rapidamente no acostamento da ponte para tirar uma foto.

Projetado para atender à população rural francesa no final da década de 1930, o compacto 2CV foi um pedido direto do presidente da Citroën na época, Pierre Michelin.

Ele queria um carro barato, econômico e capaz de transportar ovos (sem quebrá-los) a 50km/h por um campo arado. Levaram a sério essa história e deixaram a suspensão muito macia.

O carro seria lançado no salão do automóvel de Paris em 1939, mas a França declarou guerra contra Alemanha nesse mesmo ano.

Para não colaborar com os nazistas, temendo o uso militar do carrinho, a Citroën enterrou os protótipos e esperou dez anos para lançá-lo. O projeto era tão original que ainda assim foi sucesso de vendas, sendo fabricado até 1990.

Não sei se foi a paisagem, o vento do teto solar, a suspensão macia ou a companhia de um grande amigo que fez a travessia da Rio-Niterói nessa pequena "carroça" dos anos 1930 ser uma das melhores experiências que eu já tive a bordo de um carro antigo. Provavelmente, foi a combinação de tudo.

O que sei é que virei fã do 2CV.


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