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Teste Folha-Mauá

Jaguar rosna na cidade e berra na estrada

Motor 5.0 de 495 cv do F-Type parece reclamar do giro baixo no circuito urbano, onde seu uso é tarefa quase impraticável

Com o pé no acelerador, apelo sonoro é um dos atrativos do esportivo; difícil é não raspar frente em valetas

RODRIGO MORA DE SÃO PAULO

Se dependesse apenas dos serviços prestados aos britânicos --como prazer ao volante, referência em esportividade e conforto e símbolo do status e do poder tecnológico da indústria nacional--, o Jaguar F-Type V8 S poderia receber o título de "Sir", honraria dada pela rainha a poucas personalidades do país.

Mas faltam alguns bons modos ao esportivo conversível, à venda por R$ 608,9 mil. Ao dar a partida, o escândalo feito pelo motor, um 5.0 de 495 cv, destoa da serenidade que se espera de um lorde.

O berro que marca a ativação dos oito cilindros em V é um prenúncio do que será a convivência com o esportivo. Devagar, com o giro baixo, percebe-se a insatisfação do motor em trabalhar calmo: o barulho é um suave rosnar.

Numa tocada esportiva, aumentando e reduzindo marchas incessantemente, ouve-se das quatro saídas de escapamento do F-Type V8 S um ronco grave e ao mesmo tempo ardido.

Quando o pé dá um refresco para o acelerador, os estalos intencionalmente emitidos pelo sistema de escape parecem traduzir uma reclamação contra a redução da velocidade. Lembram carros de corrida, sem a menor preocupação com altos decibéis.

Mas o apelo sonoro --inegavelmente umas das marcas do modelo e uma maneira de intimidar o Porsche 911, em quem a Jaguar mirou para criar seu carro esporte-- não é tudo no F-Type V8 S.

DIVERSÃO E LUXO

O imenso motor parece sobrar para um carro de 4,47 m (menor que um Honda Civic), como um furacão sufocado dentro de uma garrafa.

Usando só o cérebro para analisar o F-Type, a conclusão é que o motor V6 (de 340 cv ou 380 cv na configuração S) seria o bastante para o carro. E de fato é.

Mas esportivos são feitos também de irracionalidade e emoção, e isso o "Jag" tem de sobra quando se trata da versão mais potente.

Desligado o controle de tração, o F-Type destraciona em qualquer pisada mais forte no acelerador, "abanando" a traseira e exigindo do condutor certa habilidade em colocá-lo novamente nos trilhos.

O câmbio de oito marchas é gentil no dia a dia e lida bem com os 63,7 kgfm de torque ao trocar as marchas com precisão e rapidez.

A direção é rápida e fica ainda mais direta no modo "Dynamic", selecionado por um botão no console central.

TENSO NA CIDADE

Mas poderia ter assistência elétrica (mais leve), e não hidráulica. Seria uma dificuldade a menos ao usar o F-Type na cidade, onde ele é quase impraticável.

Evitar que a parte frontal inferior raspe em saídas de garagem ou valetas e lidar com um carro tão arisco são tarefas tensas no trânsito.

Divertidamente bruto na dinâmica, é também gentil na cabine, com refinamentos em cada botão ou forração.

No fim das contas, o F-Type pode apelar à hereditariedade para virar um lorde: Sir William Lyons recebeu a honraria por ter sido fundador da Jaguar, em 1922.


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