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"Eclipse" pesa a mão no doce, mas sabe rir de si mesmo
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DE SÃO PAULO
ALERTA: SE VOCÊ É CONTRA 'SPOILER' --TEXTO QUE REVELA FATOS CRUCIAIS DE UMA OBRA --, NÃO SIGA EM FRENTE.
Como Helena, a mais bela das mulheres, Bella (Kristen Stewart), que vive dividida entre um vampiro e um lobisomem, está mais para presente de grego em "A Saga Crepúsculo: Eclipse", que estreia nesta quarta (30) nos cinemas.
Helena porque, no longa, adaptação do terceiro livro da série, a humana ainda se vê dividida entre os dois amados, o vampiro Edward (Robert Pattinson) e o lobisomem Jacob (Taylor Lautner), de duas raças inimigas por tradição.
No começo do filme, ela finalmente fez as pazes com o primeiro e eles aparecem juntos numa das cenas iniciais, para lá de adocicada, num campo de flores. Ela recita poemas, ele faz cafuné. É o suprassumo do sonho romântico adolescente e termina como tal: com um pedido de casamento.
Mas o sossego do casal dura pouco, já que logo surge Jacob e instaura a dúvida no coração da moça: afinal, com qual dos dois ela quer ficar? Essa é uma questão que, no fundo, ela não responderá até o fim do longa.
Apesar da pouca idade, ela mostra malícia feminina para lidar com os pretendentes e tem os dois na palma da mão. Pobres criaturas.
A essa altura, o plano de Bella é se formar, se casar e se vampirizar. Nessa ordem. Por isso, começa a planejar como contar aos amigos e familiares que irá se afastar deles e até vai visitar a mãe na Flórida.
Na volta, contudo, tem de se preocupar com bem mais do que despedidas quando um perigoso vampiro novo e desconhecido e Victoria (Bryce Dallas Howard), a temida vilã dos primeiros filmes, aparecem querendo o sangue dela.
É aí que ela se converte em cavalo de Troia: os dois inimigos até então mortais se unem num front inédito e, aliados aos de sua espécie, lutam para defender a pequena humana, tomando como seus os inimigos feitos por ela.
Divulgação | ||
Os atores Kristen Stewart e Robert Pattinson em uma das cenas açucaradas do filme "Eclipse" |
Cenas e mais cenas de lutas entre lobisomens grandalhões e vampiros rapidinhos (não os da família Cullen, mas um novo exército de criaturas recém-criadas) se seguem, entrelaçadas pelo eterno ir e vir de Bella entre Edward e Jacob. Nem em meio à guerra os três abandonam as declarações de amor e as disputinhas ciumentas do triângulo que formam.
Os pontos positivos, aqui, ficam para os diálogos que mostram um humor mais amadurecido, em que o longa mostra que não se leva tão a sério e sabe também rir de si mesmo (certa feita, Edward diz, irônico, para Jacob, que vive de tanquinho à mostra: "Ele não tem uma camisa, não?".).
Até para que a plateia não se canse --ainda há dois filmes por vir--, a vampira Victoria é prontamente eliminada para que novos vilões, mais sombrios e poderosos, possam assustar adolescentes incautas nas continuações.
As cenas de ação, por sua vez, ganham destaque em sequências bem coreografadas, que dão fôlego novo à trama mesmo após as longas (e lentas) sequências de declarações platônicas e debates (intermináveis), em cenários deslumbrantes, que colocam o casamento como fim desejável de qualquer um, pessoa, vampiro ou lobisomem.
É pena que, antes disso, o longa despeje diálogos e mais diálogos moralistas sobre virgindade e casamento (Edward se recusa a fazer sexo com Bella antes das bodas para "preservar a alma dela"). Por mais ancestral que seja o vampiro, o discurso caduco soa estranho ainda mais para os adolescentes dos dias atuais.
Apesar do roteiro mais bem amarrado e dos efeitos especiais mais bem cuidados do que nos filmes anteriores, "Eclipse" talvez peque por pesar a mão no doce. E, como tudo o que é açucarado demais, não é para todos os gostos.
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