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19/06/2010 - 10h01

Enviado dos EUA discute bloqueio a Gaza com presidente do Egito

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DA EFE, NO CAIRO

O enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio, George Mitchell, conversou neste sábado com o presidente do Egito, Hosni Mubarak, sobre novas formas de ingresso de ajuda para Gaza.

Meios de comunicação oficiais informaram que ambos responsáveis políticos mantiveram hoje no Cairo uma reunião na qual Mubarak expressou a Mitchell a preocupação do Egito pela situação de Gaza, que sofre um bloqueio israelense desde junho de 2007.

Por sua vez, o emissário americano lembrou que seu país trabalha de forma urgente com o Egito, Israel, a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e os parceiros internacionais para chegar a uma nova fórmula que permita a entrada de mais ajuda humanitária para Gaza, sem que ocorra infiltração de armas para o Hamas, que controla a região.

Na quinta-feira (17), Israel anunciou que iria suavizar o bloqueio à faixa de Gaza, após a pressão internacional que seguiu ao ataque israelense ao comboio humanitário que ia para a região no dia 31 de maio e que custou a vida de nove ativistas turcos.

Mitchell disse a Mubarak que seu país está satisfeito com a medida israelense e deseja seu cumprimento.

Posições

O ministro de Assuntos Exteriores egípcio, Ahmed Aboul Gheit, que também participou da reunião, disse em declarações divulgadas posteriormente pela agência de notícias estatal "Mena" que a posição Egito é clara no que se refere ao bloqueio de Gaza.

E acrescentou que seu país pede a Israel que outorgue ao povo palestino a oportunidade de satisfazer todas as suas necessidades sem obstáculos, e que abra as passagens fronteiriças.

Gheit lembrou que a passagem de Rafah, na fronteira entre Egito e Gaza, permanece aberta de forma contínua para a entrada de palestinos. Mubarak ordenou sua abertura total após o ataque à frota humanitária.

O ministro explicou que Mitchell também informou o chefe de Estado egípcio das negociações indiretas entre palestinos e israelenses.

Segundo Gheit, o enviado do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, espera que elas prossigam rapidamente para começar conversas diretas que levem a uma solução de dois Estados, um israelense e outro palestino.

Mitchell viajou ao Egito após uma visita de três dias a Israel e os territórios palestinos, onde se reuniu separadamente com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e o presidente da ANP, Mahmoud Abbas.

Defesa

Israel informou à ONU (Organização das Nações Unidas) nesta sexta-feira (18) que se reserva o direito de usar "todos os meios necessários" para barrar navios que planejam trazer ajuda humanitária navegando do Líbano até Gaza, bloqueada pelo Estado judeu.

Em carta ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e ao Conselho de Segurança, a embaixadora israelense Gabriela Shalev também pediu que o governo libanês evite deixar esses navios partirem.

Shalev disse que, aparentemente, um pequeno número de navios planejava navegar a partir do Líbano e que, apesar de seus organizadores dizerem que querem levar ajuda humanitária a Gaza, "a real natureza de sua ações continua dúbia".

Ainda segundo Shalev, os organizadores disseram que querem se tornar "mártires" e há uma "possível ligação" com o grupo militantes libanês Hizbollah, cujo líder Hassan Nasrallah convidou cidadãos libaneses a participarem das flotilhas, disse Shalev.

Ela também pediu à comunidade internacional que use sua influência para evitar que esses navios partam, e para desencorajar seus cidadãos de participarem desse tipo de ação.

Bloqueio

Após pressão internacional, o governo israelense anunciou na quinta-feira (17) o alívio do bloqueio militar à faixa de Gaza. No entanto, a medida só foi divulgada em comunicado em inglês. A versão do comunicado do governo israelense em hebraico omitiu menção direta ao alívio, indicando tentativa de abrandar a decisão para o público interno no país, informa o jornal israelense "Haaretz".

Segundo o jornal, duas declarações saíram do gabinete do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu. Uma para a mídia israelense e outra para diplomatas e jornais estrangeiros.

As informações estavam diferentes nas duas versões do comunicado, aponta o "Haaretz". Em inglês foi anunciado o relaxamento do bloqueio, enquanto na versão da língua oficial do país a ação não foi citada.

Ainda não está claro se isso foi feito deliberadamente para ganhar tempo frente às pressões internacionais ou se houve omissão por parte do governo israelense.

O cerco imposto à Gaza desde 2007 foi discutido na quarta-feira (16), mas a decisão só foi anunciada na quinta. Segundo o jornal, os ministros israelenses discutiram por horas, mas não chegaram a uma decisão. Como não votaram e não chegaram a uma conclusão o bloqueio continua valendo.

A versão em inglês dizia: "Acordamos em afrouxar o sistema em que bens para civis entrem em Gaza e em aumentar o fluxo de produtos para projetos civis sob a supervisão internacional."

A versão em hebraico não continha essa parte e não dizia em nenhum outro lugar que foi aprovada a decisão, só que "seriam deixados entrar mais bens civis em Gaza".

Além disso, o governo israelense divulgou no comunicado em inglês que a ação seria implementada imediatamente. Mas segundo fontes ouvidas pelo jornal, nenhuma ordem chegou para as autoridades que monitoram a transferência de produtos para a região.

Investigação

Israel anunciou, na segunda-feira (14), a criação de uma comissão com a participação de dois observadores estrangeiros para investigar o ataque à frota em 31 de maio.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou que o objetivo principal da investigação é provar ao mundo que a ação foi apropriada e seguiu padrões internacionais.

"A decisão do governo vai deixar claro ao mundo que Israel agiu legalmente, com responsabilidade e com total transparência", disse Netanyahu, citado pelo jornal israelense "Haaretz".

Ela que será presidida pelo juiz aposentado da Suprema Corte, Yaakov Tirkel, 75, e os dois observadores estrangeiros serão o prêmio Nobel da Paz irlandês David Trimble, ex-político protestante, e o ex-procurador geral do Exército canadense Ken Watlkin.

Ban Ki-moon disse ontem (18) que as investigações israelenses sobre o ataque de 31 de maio são importantes, mas não terão "credibilidade internacional", por isso ele continua insistindo que o governo de Israel concorde com a participação internacional e da Turquia.

Na segunda-feira (14), Ban Ki-moon, já havia dito que a proposta de investigações internacionais segue "sobre a mesa", apesar da decisão do governo de Israel, de criar uma comissão interna para estudar o incidente.

Rejeições

A Turquia, país de origem de boa parte dos cerca de 700 ativistas da embarcação atacada pelo Exército israelense, se mostrou contra a iniciativa.

Os Estados Unidos responderam ao anúncio público feito por Israel afirmando que é "um passo à frente" e que esperam que as investigações terminem "rapidamente", declarou o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, em um comunicado.

"Ainda que Israel precise de tempo para concluir o processo, esperamos que as investigações da comissão e do Exército (israelense) sejam feitas rapidamente", disse Gibbs.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, declarou-se insatisfeito e afirmou lamentar a decisão israelense de investigar com comissão própria o ataque à "Frota da Liberdade".

Abbas deixou claro que os palestinos prefeririam que o Estado judeu tivesse atendido às solicitações do Conselho de Segurança da ONU, que se reuniu um dia após o ataque e determinou que a operação do Exército de Israel deveria ser investigada por um painel internacional.

A responsável de política externa da União Europeia, Catherine Ashton, pediu que a comissão nomeada pelo governo de Israel realize uma "investigação crível" sobre o ataque à frota humanitária que se dirigia a faixa de Gaza.

Ataque

No dia 31 de maio, militares israelenses atacaram uma frota internacional de ajuda humanitária que seguia para a faixa de Gaza com militantes pró-palestinos. Na ocasião, nove militantes turcos morreram e 20 pessoas ficaram feridas.

O ataque, realizado em águas internacionais, recebeu duras críticas de diversos países, que pedem, além de esclarecimentos a Israel, o fim do bloqueio a Gaza.

 

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