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28/06/2010 - 14h29

Papa repreende cardeal austríaco por acusações

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DA REUTERS

O papa Bento 16, ainda lutando para controlar os danos que um escândalo de abusos sexuais vem causando à imagem da Igreja Católica, disse a seus assessores mais altos, nesta segunda-feira, que não devem trocar acusações em público.

O Vaticano divulgou um comunicado incomum no qual, concretamente, disse que o papa censurou o cardeal Christoph Schoenborn, de Viena, que no mês passado acusou publicamente outro cardeal de ter acobertado casos de abuso sexual.

"Com relação a acusações contra um cardeal, lembramos a todos que, na Igreja, apenas o papa tem autoridade para acusar um cardeal", diz o comunicado, uma instância rara em que a Igreja trouxe a público suas desavenças internas.

Divulgado após uma reunião entre o papa, Schoenborn, o cardeal italiano Angelo Sodano e o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, o comunicado diz que as autoridades da Igreja precisam "demonstrar o respeito devido" umas pelas outras.

No mês passado, Schoenborn criticou Sodano, que entre 1990 e 2006 foi secretário de Estado, o segundo cargo mais importante no Vaticano.

Em conversa com editores de jornais austríacos, Schoenborn acusou Sodano de ter bloqueado uma investigação sobre abusos sexuais que teriam sido cometidos pelo ex-cardeal austríaco Hans Herman Groer.

Groer renunciou ao cargo de arcebispo de Viena em 1995, após alegações de que teria abusado sexualmente de jovens seminaristas. Ele morreu em 2003, sem nunca ter admitido sua culpa ou sido acusado formalmente.

Schoenborn disse aos jornalistas que o cardeal Joseph Ratzinger, que na época chefiava o departamento doutrinal do Vaticano e hoje é o papa Bento 16, quis abrir uma investigação plena sobre Groer em 1995, mas foi impedido de fazê-lo por Sodano.

De acordo com o comunicado, na reunião entre o papa e os cardeais Schoenborn, Sodano e Bertone, os "maus entendidos" foram "esclarecidos e resolvidos".

A crise de abusos sexuais vem atingindo os Estados Unidos e vários países europeus, incluindo a Alemanha, o país do papa.

Cinco bispos na Europa já renunciaram a seus cargos. Um deles admitiu ter cometido abusos sexuais, outro está sob investigação e três renunciaram devido ao tratamento que deram a casos de abusos sexuais.

Na última semana, o foco das atenções voltou-se à Bélgica, onde a polícia invadiu escritórios da Igreja e a residência de um cardeal, tendo chegado a abrir um túmulo para buscar documentos que pudessem auxiliar sua investigação.

No domingo, o papa, em carta endereçada ao chefe da conferência de bispos da Bélgica, qualificou as operações de revista policiais como "surpreendentes e deploráveis".

No dia após as revistas, o Vaticano protestou junto ao embaixador da Bélgica na Santa Sé.

No início deste mês, o papa Bento pediu perdão a Deus e às vítimas de abusos sexuais cometidos por padres contra menores de idade e prometeu que a Igreja Católica fará tudo que está em seu poder para assegurar que isso nunca volte a acontecer.

 

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