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02/07/2010 - 19h43

Eleições locais no México são ameaçadas pelos cartéis da droga

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GÉRARD VANDENBERGHE
DA FRANCE PRESSE

O México renova neste domingo o governo de quase metade de seus Estados, numa eleição já manchada de sangue pelas mortes atribuídas aos cartéis de droga e a dois anos de uma eleição presidencial com grande risco para o poder atual.

A eleição dos governadores de 12 dos 31 Estados do país constitui um teste para o presidente Felipe Calderón e seu Partido da Ação Nacional (PAN, conservador), já derrotados nas legislativas de 2009 pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI, centro-esquerda), que fez seu grande retorno.

O PRI, no poder no México de 1928 a dezembro de 2000 antes de ceder o lugar ao PAN, e que já possui dez dos 12 governos a serem renovados no domingo, é o favorito da presidencial, para a qual Calderón está impedido de participar pela Constituição.

A sombra dos cartéis da droga paira sobre a campanha eleitoral. A influência deles, principalmente nas eleições mexicanas e nos meios políticos em geral, é denunciada há muito tempo, mas nunca foi tão sangrenta quanto agora.

A imagem da Colômbia se impõe --lá, os cartéis assassinaram três candidatos à Presidência em 1990.

No dia 28 de junho, foi assassinado Rodolfo Torre, candidato do PRI e favorito para o cargo de governador de Tamaulipas, fronteira com o Estado americano do Texas. Ele foi morto junto com quatro colaboradores.

Dois prefeitos e um candidato a uma prefeitura foram assassinados desde fevereiro em Tamaulipas e no Estado de Chihuahua, também na fronteira com os Estados Unidos.

"Essas mortes são uma advertência dos cartéis aos partidos políticos, assim como aos eleitores como forma a orientar seus votos; mas também para o presidente Calderón que os desafiou elevando a luta contra o 'crime organizado' como prioridade nacional desde sua chegada ao poder em dezembro de 2006", estimou um diplomata estrangeiro no México que preferiu não ter o nome revelado.

Teste

Calderón também é alvo da oposição que denuncia o fracasso da sua estratégia contra os cartéis: 23 mil mortes foram registradas desde dezembro de 2006, apesar da participação de 50 mil militares no reforço policial, e os traficantes nunca foram tão ameaçadores.

A eleição de domingo irá revelar a confiança do país nessa política, julgou o diplomata.

"Vai haver uma abstenção elevada, sobretudo nas regiões de forte presença do crime organizado", prognosticou por sua vez René Jimenez, pesquisador da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam) e especializado em violência social.

"Os cartéis precisam assegurar a benevolência dos dirigentes políticos locais, ou até nacionais, nesta guerra entre gangues pelo controle do tráfico do país e o com destino aos Estados Unidos", primeiro cliente mundial da cocaína, explicou ainda o diplomata.

No Estado de Tamaulipas, por exemplo, onde a gangue dos "Zetas" ocupa abertamente as ruas de uma grande cidade, controlando, por exemplo, a identidade dos jornalistas de passagem, "podemos ver que só existem pendurados nas paredes cartazes eleitorais do PRI", testemunhou um repórter estrangeiro.

 

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