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05/07/2010 - 18h42

Número de presos políticos em Cuba é o menor desde 1959, diz ONG

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O número de presos políticos em Havana caiu para 167, menor número desde a revolução de 1959, disse uma entidade de direitos humanos nesta segunda-feira.

O declínio coincide com sinais de que o regime comunista estaria preparando a libertação de mais dissidentes, segundo Elizardo Sánchez, porta-voz da Comissão Cubana de Direitos Humanos, um órgão independente, mas tolerado pelo governo.

O número de presos caiu de 201 ao final de 2009 para 167 atualmente, "menor número em 51 anos", segundo Sánchez, ele próprio um ex-preso político.

A comissão, que divulga um relatório a cada seis meses, disse que Cuba chegou a ter mais de 15 mil presos políticos há 45 anos, e que o total vem caindo constantemente nos últimos sete anos, já que o governo percebeu que "não precisa ter tantos presos políticos para manter um controle social quase total."

Ainda segundo Sánchez, cerca de 40 presos políticos relataram ter sido submetidos a um tipo de interrogatório que habitualmente antecede as libertações.

Sánchez disse que o governo está libertando dissidentes para melhorar sua imagem internacional, mas que a situação dos direitos humanos na ilha permanece sombria. Segundo o relatório, as autoridades "continuam violando de modo sistemático todos os direitos civis, políticos e econômicos."

O regime cubano acusa os dissidentes de serem mercenários a mando dos Estados Unidos e de outros inimigos do comunismo.

Em fevereiro, o preso político Orlando Zapata morreu após uma greve de fome, o que provocou amplas críticas internacionais a Cuba.

No sábado, a imprensa estatal alertou que outro dissidente em greve de fome, Guillermo Fariñas, corre risco de morrer por causa de um coágulo no pescoço e de várias infecções. Esse psicólogo de 48 anos não se alimenta há 131 dias.

Intervenção da Igreja

Tradicionalmente, a Igreja Católica tem se mantido cautelosa nas relações com o governo comunista de Cuba desde a década de 1990. O cenário mudou em maio passado, quando o cardeal de Havana, Jaime Ortega, interveio em um impasse entre o governo e as Damas de Branco --mulheres e viúvas de ativistas presos em 2003.

Após uma conversa com o dirigente máximo cubano, Raúl Castro, Ortega e outros líderes eclesiásticos saíram otimistas sobre a intenção do governo de fazer concessões. As transferências começaram em 1º de junho. No dia 12, seis detentos foram levados a novas prisões perto de suas casas e foi libertado Ariel Sigler, 44.

Um dos integrantes do grupo de 75 ativistas presos e condenados em 2003, após uma ação de repressão contra dissidentes do regime, Sigler --que tem paralisia nas pernas-- cumpria uma pena de 25 anos por traição.

A Igreja diz que outros devem ser libertados em breve.

Greve de fome

O dissidente cubano Guillermo Fariñas, em risco de morte por conta de uma greve de fome que completa 132 dias, responsabilizou nesta segunda-feira Fidel e Raúl Castro por sua "morte em breve" e disse que deseja morrer em Cuba, segundo carta divulgada na internet.

"Estou consciente de que morrerei em breve, e considero uma honra (...). Os únicos responsáveis (...) são os irmãos Fidel e Raúl Castro", disse Fariñas, jornalista de 48 anos, na carta escrita por seu porta-voz, Licet Zamora, e divulgada em um site de oposição.

No texto, escrito em resposta a um relatório sobre sua saúde publicado no sábado (3) pelo jornal oficial "Granma", Fariñas criticou o jornal por se "esquivar" de dizer que o "motivo" de sua greve é a exigência da libertação de 25 presos políticos doentes.

"Considero que, devido a meu estado de saúde grave, usaram o humanitarismo dos médicos para ir preparando os veículos da imprensa internacional para minha futura morte", disse Fariñas.

No relatório publicado pelo "Granma", Cuba reconheceu que Fariñas corre "risco potencial de morte" devido a um coágulo na jugular, apesar de ter destacado que os médicos fazem "tudo" para salvá-lo no hospital de Santa Clara, 280 km a leste de Havana, onde está internado desde 11 de março.

Fariñas descartou a possibilidade de sair de Cuba, em referência a ofertas de assistência médica feitas pelo governo da Espanha. O chanceler espanhol, Miguel Angel Moratinos, deve chegar hoje à ilha para impulsionar a mediação da Igreja Católica, que busca a libertação de presos políticos e o fim de seu jejum.

O dissidente iniciou a greve de fome em 24 de fevereiro, um dia depois da morte após 85 dias de greve de fome do preso opositor Orlando Zapata, fato que provocou condenações na Europa e nos Estados Unidos.

 

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