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06/07/2010 - 15h03

Ao lado de Netanyahu, Obama nega tensão entre EUA e Israel

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DE SÃO PAULO

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, negou nesta terça-feira que as relações com Israel passem por um momento difícil e declarou, após encontro na Casa Branca com o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, que as notícias de rixas são infundadas. O tom das declarações de ambos aos jornalistas foi um esforço evidente de negar um dos períodos mais turbulentos na relação bilateral.

Questionado por um jornalista, Obama afirmou que a premissa de que os dois países vivem momentos difíceis é prematura e errada e afirmou que nem sempre o aumento da cooperação entre os dois países são "propagandeados".

Pablo Martinez Monsivais/AP
Premiê de Israel, Binyamin Netanyahu (esq.), se reúne com o presidente Barack Obama na Sala Oval da Casa Branca
Premiê de Israel, Binyamin Netanyahu (esq.), se reúne com o presidente Barack Obama na Sala Oval da Casa Branca

"Eu confio no premiê Netanyahu desde antes de ser eleito", disse Obama, quando questionado sobre as discórdias recentes entre os dois países. "Ele lida com uma situação muito complexa, em uma vizinhança muito difícil", disse o presidente, acrescentando que pode haver "discussões robustas", mas os EUA nunca abandonam seu comprometimento com a segurança de Israel.

Israel provocou indignação nos EUA em março passado, quando, durante visita do vice-presidente Joe Biden, anunciou um plano para construir 1.600 casas para judeus em uma área da Cisjordânia ocupada que considera fazer parte de Jerusalém.

Israel assegurou a Washington que os trabalhos de construção no assentamento Ramat Shlomo não começariam antes de pelo menos dois anos. O anúncio atrasou o início das conversas indiretas de paz, mediadas pelos EUA, já que os palestinos --e Washington-- exigem o congelamento das novas construções como condição para dialogar.

No mesmo mês, em visita aos EUA, Netanyahu teve uma recepção fria e não houve foto conjunta nem refeição. Mas nos últimos meses, o governo Obama tem adotado um tom mais brando, enquanto Netanyahu ofereceu gestos conciliadores.

Conversas de paz

Obama e Netanyahu defenderam diálogo direto com os palestinos, algo que seria alcançado apenas em setembro, caso as chamadas "conversas de proximidade", mediadas pelos EUA, conseguissem avançar. Depois de cinco rodadas sem compromissos ou anúncios, há dúvidas de que os palestinos demonstrem confiança suficiente em Israel para aceitar estas reuniões.

E o discurso de Obama não parece ajudar. O americano elogiou o "real progresso" na faixa de Gaza e a decisão de Israel, divulgada oficialmente nesta segunda-feira, de permitir a entrada de mais bens de consumo no território palestino. A decisão foi tomada sob dura pressão internacional, depois do pelo ataque israelense, em 31 de maio, a um barco com ajuda humanitária que tentava furar o bloqueio à Gaza. Na operação, nove ativistas turcos foram mortos.

"Os passos tomados em Gaza já construíram confiança. Palestinos devem pensar em termos concretos o que a paz pode trazer e violência não. Crianças podendo viver em segurança, comprando e vendendo produtos. Povo israelense e palestino juntos".

Ele reiterou ainda, inúmeras vezes, o interesse de seu governo de garantir a segurança dos israelenses "para que as israelenses não achem que foguetes vão cair na cabeça deles e que há uma população crescente que quer atacá-los" --uma referência aos ataques dos militantes do grupo islâmico Hamas, que comanda a faixa de Gaza, excluídos das negociações.

Sem falar na disputa sobre as fronteiras de 1967 ou no congelamento dos assentamentos, Obama afirmou que quer trabalhar para a criação de um Estado palestino que possa coexistir a Israel. Ele pediu que os palestinos não criem desculpas para não participar do diálogo direto e que evitem as declarações provocativas.

Netanyahu, por sua vez, confirmou estar sério no objetivo de um diálogo direto com os palestinos. Ele não falou em concessões, mas deixou claro que exige que os territórios da futura Palestina não sejam "usados para ataques terroristas e lançamento de mísseis".

"A ANP [Autoridade Nacional Palestina] deve preparar os palestinos para as conversas de paz", completou.

Irã

Os dois líderes falaram ainda da questão nuclear e das sanções ao Irã. Netanyahu não cansou de elogiar as sanções unilaterais assinadas por Obama "que têm dentes e podem morder" e pediu que outros países sigam o exemplo para evitar que o Irã obtenha armas nucleares.

Em retribuição, Obama afirmou que os EUA nunca pedirão a Israel uma medida que comprometa sua segurança --o que incluiria a assinatura do Tratado de Não Proliferação Nuclear.

Ao contrário do Irã, que está sob uma inspeção exaustiva da agência nuclear da ONU, a AIEA, Israel não assinou o TNP. O Estado mantém uma política nuclear de ambiguidade: não confirma nem desmente seu arsenal nuclear, cuja existência a comunidade internacional dá por certa. Estima-se que Israel tenha entre 200 e 300 ogivas.

"Acreditamos que pelo seu tamanho, sua história, a região que está, Israel deve poder responder às ameaças ou ameaças combinadas. Nunca pediremos algo que diminua sua capacidade de defesa", disse Obama, sem se referir diretamente à assinatura do documento.

 

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