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Empresas adotam métodos para evitar vazamento de informações

O vazamento de informações de uma empresa não acontece só em casos de espionagem. Uma postagem nas redes sociais ou até uma conversa informal pode revelar segredos e acabar em demissão por justa causa.

Foi o caso do jogador de futebol Felipe Melo, do Palmeiras, desligado da equipe nesta semana após a divulgação de um áudio em que faz críticas ao técnico Cuca.

Se para o funcionário o vazamento pode terminar em demissão, para a empresa há o risco de que dados valiosos cheguem às mãos da concorrência ou de que algum comentário cause danos à imagem da organização.

Entre as estratégias para evitar problemas estão treinamentos periódicos, que explicam quais informações são confidenciais, e monitoramento das mensagens trocadas com outras empresas.

"Repassar informações de um pré-contrato, com dados da companhia e dos clientes, é uma das falhas que podem render não só demissão, mas processos cíveis e criminais. Por isso as regras devem ficar sempre muito claras", diz o professor de ética empresarial da FGV (Fundação Getulio Vargas) Daniel Tonon.

Os maiores focos de problemas, segundo o advogado Rodrigo Azevedo, especialista em direito digital do Silveiro Advogados, são os e-mails e as redes sociais.

Para Azevedo, a maioria dos profissionais não entende que, em algumas áreas, até uma "selfie" na fábrica pode vazar segredos se mostrar algum equipamento exclusivo. Mesmo no escritório, deve-se observar se vão aparecer em em fotos computadores com programas abertos -um zoom pode mostrar o que está escrito na tela.

"Até em setores informais, como o marketing, no qual o uso das redes para divulgar projetos é encorajado, as postagens têm de ser feitas com cautela", diz Azevedo.

Bruno Santos/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 02-08-2017: Mariana Simoes, especialista em marketing e eventos da White Martins, ensina outros profissionais como usar bem as redes sociais sem que nenhuma informação sensível vaze para o publico ou até para a concorrencia. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** FSP-CARREIRAS *** EXCLUSIVO FOLHA***
A publicitária Mariana Simões, 34, no escritório em São Paulo

Na dúvida, o empregado deve consultar o código de conduta, em geral disponível na intranet, ou rede interna da empresa, o gestor ou o a área de recursos humanos. Em alguns casos, a companhia pede que o funcionário assine um termo de confidencialidade.

A White Martins, que produz gases para a indústria, promove encontros para mostrar aos profissionais o que pode e o que não pode ser postado nas redes sociais.

A gestora de RH Cristina Fernandes diz que a empresa adotou a medida após identificar que outras firmas tiveram de se manifestar publicamente sobre declarações inapropriadas de funcionários.

"É uma estratégia que ajuda o profissional a se proteger e evita dano de imagem para a organização", afirma.

A empresa recomenda que, em redes sociais, o funcionário não diga onde trabalha e evite fazer postagens a respeito de suas funções.

A publicitária Mariana Simões, 34, trabalha com eventos na White Martins e, ao lidar com convidados e jornalistas, aprendeu a não dar informações, mas indicar o porta-voz para aquele assunto.

"Quando vou passar uma informação para alguém de fora, checo se ela já consta nas apresentações que enviamos a clientes e ao público em geral. Se não está, presumo que não posso divulgá-la. Um erro desses pode atrapalhar a minha carreira, diz.

Ela também removeu referências à empresa das redes sociais e passou a usar mais o telefone para não encaminhar e-mails a pessoas que não deveriam lê-lo.

Isso acontece quando a mensagem é enviada para toda a equipe, mas só parte dela deve saber do conteúdo. Nesse caso, vale redobrar a atenção para não clicar em "responder a todos".

Sigilo total

DISCRIÇÃO

Quando a pessoa precisa guardar segredo sobre uma demissão, mudança ou promoção em sua área, o cuidado deve ser ainda maior.

O analista de RH Daniel Ribeiro, 30, da Sodexo, soube que seria promovido em setembro de 2016, mas não pôde comemorar até janeiro deste ano, quando a decisão foi divulgada oficialmente.

"Só contei a novidade para alguns parentes, porque tive medo de que algum amigo mandasse uma mensagem pública me parabenizando nas redes sociais. Se falasse antes, teria problemas, diz.

Lá, todo mês circula uma mensagem geral que lista quem foi promovido, contratado ou demitido. É uma estratégia para coibir a chamada "rádio peão", de acordo com o diretor de RH da empresa, Rogério Bragherolli.

E o profissional não deve participar da rede de fofocas, mesmo que a tentação de saber mais do que deve seja grande, diz Maria Ester da Cruz, gerente do núcleo de carreiras do Insper.

"O funcionário tem de zelar pela própria reputação e credibilidade. Receber e passar informações sem permissão nem confirmação gera uma imagem negativa, que é fatal para o desenvolvimento dentro da empresa."

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