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Descrição de chapéu

O osso humano da Idade da Pedra encontrado por acaso em rio de Londres

Acredita-se que o osso do período neolítico seja uma das coisas mais antigas já recuperadas do Tâmisa

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BBC News Brasil

Um osso humano encontrado por um remador pode ser um dos itens mais antigos já retirados do Rio Tâmisa, em Londres.

Simon Hunt descobriu o fêmur –o osso da coxa– no leito do rio durante a maré baixa. A datação por carbono indicou que tem mais de 5.000 anos.

O osso foi encontrado no leito do rio pelo remador Simon Hunt - Simon Hunt

Ele reconheceu imediatamente que era um osso humano e começou a temer o pior.

"Parecia muito antigo, mas parte de mim estava pensando: E se não for?", conta Simon.

"Não tenho ideia de como é a aparência de um osso que tenha ficado na água por apenas dois anos, e se fosse algo mais sinistro?"

Simon, que trabalha como designer gráfico, avistou o osso quando estava entrando em seu barco a remo. Ele arrancou o osso das pedras onde estava e o levou remando para cima e para baixo no rio para protegê-lo.

Saco plástico transparente

Ele colocou depois o osso em um saco plástico transparente e o levou para casa para mostrar à esposa, carregando-o à vista das pessoas que passavam na rua. Mas ninguém deu bola.

Ele ligou para a polícia, que pediu a ele que mostrasse onde havia encontrado o fêmur para que pudessem investigar. Mas, quando chegaram lá, a maré havia subido e o local estava submerso.

Os policiais enviaram o osso para testes de laboratório. Simon teve que esperar vários meses até que a polícia o telefonasse e pedisse que levasse uma sacola à delegacia para recolhê-lo.

'Adivinha de quando era'

"Eles me disseram que era antigo e me pediram para adivinhar de quando era", conta Simon.

"Meu ponto de referência para coisas antigas que são tangíveis é meio medieval, mas eu estava longe."

Idade da Pedra Polida

Na verdade, o osso pertence a alguém que viveu no final do Período Neolítico britânico –o fim da Idade da Pedra. Os especialistas conseguiram datar entre 3.516 e 3.365 a.C.

Um arqueólogo estimou a altura da pessoa em cerca de 170 cm, medindo o comprimento do fêmur. Não foi possível dizer se era de um homem ou uma mulher.

Um arqueólogo estimou a altura da pessoa a quem pertencia o osso em cerca de 170 cm, medindo o comprimento do fêmur - Simon Hunt

O osso é mais antigo que Stonehenge, no Reino Unido, e as Pirâmides de Gizé, no Egito.

"As pessoas me dizem que acham estranho que eu o tenha encontrado em Londres, mas temos que lembrar que não havia Londres naquela época", afirma Simon.

As Grandes Pirâmides de Gizé foram construídas pelos antigos egípcios de aproximadamente 2.550 a 2.490 a.C., cerca de mil anos depois que o dono do osso andou pela Terra - Getty Images

"Acho que deve ter estado na lama ou algo assim, já que está tão bem preservado, e depois foi remexido e chegou até mim no rio."

A Grã-Bretanha neolítica testemunhou a chegada da cultura agrícola, à medida que os migrantes trouxeram técnicas e ferramentas da Europa continental.

Crânio neolítico

O Museu de Londres, que Simon espera ser um dia o lar definitivo para o osso, tem o fragmento de um crânio neolítico datado entre 3.645 e 3.600 a.C.

O museu diz que o crânio é uma das coisas mais antigas recuperadas do Rio Tâmisa –e o osso ficaria ao lado dele.

Enquanto isso, o fêmur está com Simon.

'Gato não pode morder'

"Eu realmente não havia pensado onde iria guardá-lo, mas terá que ser em algum lugar onde o gato não possa morder", diz ele.

O osso na casa de Simon — ele espera estar fora do alcance de seu animal de estimação, o gato Nutmeg - Simon Hunt

"Quero ter respeito porque era uma pessoa."

"Este osso era parte da perna de alguém, que andava por aqui há mais de 5.000 anos."

O Tâmisa provou ser uma verdadeira coleção de tesouros de artefatos históricos. Os chamados 'mudkarkers' –pessoas que procuram itens de valor à beira do rio– encontraram muitos dos itens no Museu de Londres.

Na capital, é necessária uma licença da Autoridade do Porto de Londres para exercer esta atividade. É ilegal procurar ou remover artefatos de qualquer tipo da margem do rio sem a licença.

A lama do Tâmisa é anaeróbica, o que faz dela um bom ambiente para preservar artefatos - Getty Images

Mas nesta ocasião, Simon estava cumprindo seu dever cívico, e até agora ninguém se aborreceu por ele ter recuperado o osso.

Aspectos técnicos, à parte, foi apenas uma descoberta ao acaso que tornou uma de suas remadas matinais muito mais interessante.

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