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Descrição de chapéu The New York Times

Telescópio Hubble tira fotos do maior cometa já avistado; veja

Ele pode ter até 136 km de diâmetro e massa de 500 trilhões de toneladas

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Robin George Andrews
The New York Times

No ano passado, cientistas anunciaram a descoberta de um cometa colossal remanescente dentro da órbita de Netuno. Eles calcularam, com base em seu brilho, que seu núcleo gelado teria entre 99 e 200 quilômetros de comprimento. Se as estimativas fossem precisas, seria o maior cometa já descoberto.

Mas os cientistas queriam ter certeza de que o título era adequado, então em janeiro apontaram o Telescópio Espacial Hubble para o cometa e mediram seu núcleo com precisão. Conforme relatado esta semana em The Astrophysical Journal Letters, o núcleo do cometa pode ter até 136 km de diâmetro, ou seja, mais que o dobro da largura do estado americano de Rhode Island (nordeste dos EUA). Ele também tem uma massa de 500 trilhões de toneladas, equivalente a cerca de 2.800 Montes Everest.

Em uma imagem original da Nasa, é possível ver o novo cometa gigantesco que está sendo observado pelo telescópio Hubble - Nasa/The New York Times

"É cem vezes maior que os cometas típicos que estudamos durante todos esses anos", disse David Jewitt, astrônomo e cientista planetário da Universidade da Califórnia em Los Angeles e um dos autores do estudo.

Apesar de suas dimensões impressionantes, o cometa –chamado C/2014 UN271 (Bernardinelli-Bernstein) em homenagem a seus dois descobridores– será visível a olho nu apenas por um breve período. Ele está correndo em direção ao Sol a 35.200 km/hora. Mas em sua maior aproximação, em 2031, chegará a apenas 1,6 bilhão de quilômetros do Sol –logo atrás da órbita de Saturno–, onde aparecerá como um brilho fraco no céu noturno antes de voltar para as sombras.

Núcleo do cometa C/2014 UN271 (Bernardinelli-Bernstein) pode ter até 136 km de diâmetro - Nasa/The New York Times

Com a ajuda do Hubble, entretanto, os astrônomos podem ver e estudar esse visitante extraterrestre efervescente em toda a sua glória, quase como se estivessem voando ao lado dele –uma névoa espectral azul envolvendo um coração branco aparentemente brilhante. "A imagem que eles têm é linda", disse um dos descobridores do cometa, Pedro Bernardinelli, astrofísico na Universidade de Washington que não participou do estudo.

Apesar de seu peso, medir o tamanho do núcleo desse cometa provou ser difícil. Embora distante do Sol, apenas um fio de luz solar basta para vaporizar os gelos voláteis de monóxido de carbono do núcleo, criando uma atmosfera empoeirada ofuscante chamada de coma.

O telescópio espacial Hubble que completou 30 anos em 2020 - Reuters

O Hubble não conseguiu ver claramente o núcleo do cometa através dessa névoa. Mas ao tirar essas imagens de alta resolução do cometa com o telescópio espacial, Jewitt e seus colegas conseguiram fazer um modelo de computador do coma, permitindo que o removessem digitalmente das imagens. Com apenas o núcleo restante, foi fácil dimensioná-lo.

Sua análise também revelou que seu núcleo gelado é mais preto que o carvão. Isso pode resultar em parte de ser "cozido por raios cósmicos", disse Jewitt. Raios cósmicos de alta energia têm bombardeado o núcleo, quebrando as ligações químicas em sua superfície. Isso permitiu que alguns dos elementos mais leves, como o hidrogênio, escapassem para o espaço, deixando para trás o carbono em tom escuro –tornando o núcleo um pouco parecido com uma fatia de pão excessivamente torrada.

Esse núcleo escuro sugere que o cometa –apesar de seu tamanho gigante– não é muito diferente dos outros. "Os núcleos dos cometas são quase sempre superescuros", disse Teddy Kareta, cientista planetário do Observatório Lowell em Flagstaff, no Arizona, que não participou do estudo. Ele sugere comparar cometas a pilhas de neve à beira da estrada. "Mesmo que ainda seja principalmente gelo, apenas adicionar um pouco de terra e sujeira pode fazer uma pilha de neve parecer desagradável e escura."

Mais segredos do cometa serão revelados à medida que ele se aproxime da órbita de Saturno. Mas em 2031, quando começar a voltar em seu circuito de 3 milhões de anos do Sol, os astrônomos não saberão muito mais sobre sua proveniência, que é provavelmente da nuvem de Oort –uma bolha hipotética e atualmente não observável ao redor do sistema solar cheia de fragmentos de gelo primitivos, de formas e tamanhos variados.

O cometa é uma prévia bem-vinda do que se esconde dentro dessa bolha. Mas "encontrar essa coisa é um lembrete de quão pouco sabemos sobre o sistema solar externo", disse Jewitt. "Há uma grande quantidade de objetos por aí que não vimos e um grande número de coisas que nem imaginamos."

Ele acrescentou: "Quem sabe que diabos está acontecendo lá fora?".

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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