Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".
Amazônia, ontem e hoje
Publicada em 1971, edição especial da revista Realidade mostra que, se muitas coisas mudaram na região, outras continuam iguais
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Mexendo em velhos baús, por sorte não demorei a encontrar a edição especial da revista Realidade sobre a Amazônia. O trabalho —que envolveu 40 pessoas, entre as quais 13 repórteres que viajaram de barco, carro e avião, varejando 135 cidades— chegou às bancas em outubro de 1971. Levara nove meses para ser finalizado. Hoje o redator que gaste nove minutos para fazer uma nota online é considerado lento.
São 328 páginas. A tiragem, que se esgotou, bateu em 250 mil exemplares. Na capa, o rosto de uma menina ianomâmi fotografado por Cláudia Andujar. Da equipe comandada por Raimundo Rodrigues Pereira, faziam parte Domingos Meirelles, Lúcio Flávio Pinto, José Hamilton Ribeiro, Geraldo Mayrink.
Duas longas matérias de Octávio Ribeiro, o repórter de polícia apelidado Pena Branca —que voltou da aventura com dez quilos a menos depois de 95 dias na selva—, se destacam, com cenas da caçada e morte de macacos, onças, jacarés e peixes-bois.
Por outro lado, tudo mudou —e para pior. Já naquela época havia 300 fazendas de gado na região, algumas com o tamanho de países europeus, e começava a corrida em busca das riquezas do subsolo.
Por isso não espanta que, nos últimos cinco anos, nenhum grande desmatador tenha sido condenado pela Justiça e, em agosto, sob Bolsonaro, o desmatamento tenha aumentado 222% em comparação com o mesmo período do ano passado. Você não leu errado: 222%.
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