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Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)

Descrição de chapéu Todas inflação Censo 2022

O RS também é negro

Existem 2,4 milhões de gaúchas e gaúchos pretos e pardos, ou 22% da população do estado

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Fiquei em choque com a afirmação do presidente Lula a respeito da presença negra em solo gaúcho: "(...) é impressionante, eu não tinha noção que no Rio Grande do Sul tinha tanta gente negra", disse ele em visita a um dos 469 municípios castigados pela enchente de 2024.

Pode ter sido uma "pergunta retórica". Mas, se foi, deveria ter sido explícita. Porque é muito impressionante vindo da boca de um presidente da República no curso do terceiro mandato.

Jovem anda de skate em Porto Alegre, em dezembro de 2023 - Silvio Avila - 15.dez.23/AFP

Existem cerca de 2,4 milhões de gaúchas e gaúchos pretos e pardos, o que equivale a 22% da população do estado, pelo Censo 2022 do IBGE. Mas já houve um tempo em que o povo do Rio Grande era majoritariamente negro, conforme o Censo de 1814. Porém poucos sabem disso.

A imigração europeia promovida com a abolição da escravização iniciou o "branqueamento" da nação, e a história oficial se encarregou com esmero de ocultar —ou menosprezar— o que se refere à contribuição do negro na formação do país como um todo e do Sul em particular.

Fato é que a presença e a influência negra no RS são muito significativas. A mobilização para celebrar o 20 de Novembro como Dia da Consciência Negra, feriado nacional recém-sancionado pelo presidente Lula, começou em 1971, em Porto Alegre, com Oliveira Silveira, Antônio Carlos Côrtes, Vilmar Nunes e Ilmo da Silva, fundadores do Grupo Palmares.

Contudo vigora no imaginário coletivo o senso comum e equivocado de que o Rio Grande do Sul é povoado exclusivamente por descendentes de europeus. Sou preta, nasci e me criei no RS, mas moro fora do estado há anos. Perdi as contas das inúmeras manifestações de surpresa com a associação da minha negritude à origem gaúcha.

O "normal" é as pessoas concluírem que eu sou carioca ou baiana. Mesmo com todo o sotaque e os regionalismos linguísticos —do tipo "guri e guria", "Bah", "tri", "mãs" (anasalado), entre outros— do meu vocabulário. Aos espantados, informo: o RS também é negro.

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